RIO DE JANEIRO - As famílias das vítimas do Airbus A330 da Air France serão levadas hoje pela Força Aérea Brasileira para Fernando de Noronha, base das operações de busca.
“ Um avião da FAB levará as famílias a Fernando de Noronha”, disse à imprensa Nelson Farias Marinho, pai de uma das vítimas, após se reunir no Rio com o chanceler francês, Bernard Kouchner. Segundo ele, chegaram mais cedo aos familiares relatos de que os dados enviados pela aeronave já poderiam dar mais detalhes do que aconteceu com o voo.
O grupo de familiares deve partir às 7 horas local, regressando à noite . “ Queremos ver como prosseguem as operações, como estão fazendo as buscas, é importante para nós ver isto”, explicou Marinho. O fato de haver destroços do avião na zona do arquipélago de São Pedro e São Paulo deu esperanças a Nelson Marinho. “Isto nos faz pensar que ainda pode haver sobreviventes, ainda acreditamos nisto”.
Declaração de Jobim provoca polêmica
As declarações do ministro da Defesa, Nelson Jobim, descartando a hipótese de uma explosão e de um incêndio em pleno voo a bordo do Airbus A330-200, foram vistas ontem com ceticismo e críticas na França.
Enquanto as autoridades sustentam que nenhuma hipótese pode ser descartada até aqui, especialistas reiteraram que, mesmo em caso de explosão, o combustível transportado pela aeronave poderia não se pulverizar no oceano.
Em entrevista coletiva concedida na quarta-feira no Rio, Jobim afirmou que a concentração de óleo em uma mancha no oceano Atlântico indicaria que o Airbus, que voava entre a capital carioca e Paris na noite de domingo, teria colidido contra a água e não se partido em pleno voo. “A existência de mancha de óleo pode eventualmente excluir uma explosão”, estimou. O ministro esclareceu ainda que os destroços do avião, localizados pela FAB a cerca de 700 quilômetros da ilha de Fernando de Noronha - havia se desfeito.
A direção do Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil (BEA) se recusou a comentar a posição de Jobim. O órgão é o responsável pela enquete, já que o desastre aconteceu em águas internacionais e com um avião matriculado na França. Na quarta-feira pela manhã, Paul-Louis Arslanidan, diretor da entidade, havia reafirmado que nenhuma hipótese poderia ser descartada no momento atual das investigações, antes mesmo da recuperação dos primeiros destroços e das caixas-pretas.
Para Eric Derivry, porta-voz do Sindicato de Pilotos da França e comandante de um aparelho idêntico ao destruído no acidente, os comentários do ministro brasileiro podem, mais do que precipitados, serem errados. “Mesmo quando uma aeronave sofre uma explosão em pleno voo, partes importantes de sua fuselagem podem ficar inteiras. Este pode bem ter sido o caso dos reservatórios de querosene”, estimou. “Eles podem não ter sido fragmentados até o choque com o mar, o que explicaria um vazamento posterior e a mancha.”