quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Aumenta o Numero de Morte nas Estradas Mineiras

O número de mortes em Minas Gerais aumentou 3,1%, desde a criação da Lei Seca, há seis meses. De janeiro a 20 de dezembro deste ano, 588 pessoas morreram nas rodovias do Estado, contra 570 no mesmo período do ano passado. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o movimento observado em Minas foi diferente do país, onde houve redução de 5,5% no número de mortos (de 3.463 para 3.272).

Minas também lidera o ranking nacional de autuações de motoristas suspeitos de dirigir sob efeito de álcool nos seis meses de vigência da Lei Seca. Das 5.981 autuações registradas, 753 foram aplicadas nas estradas federais que cortam o estado. Em segundo lugar, está Santa Catarina com 575, seguida por Bahia (377), Goiás (344) e Paraná (312).

A arte de fazer o presente oferecido no Natal

Meia, cueca, lenço e sabonete sempre figuram na lista de lembranças de Natal, mas, muitas vezes, não chegam a fazer sucesso. Porém, como presentear a todos com artigos caros fica praticamente impossível, uma saída está na busca de artesanatos e na confecção do próprio presentes.
Para a dona de casa Marilza de Fátima, que aprendeu a fazer pintura em garrafas PET, o artesanato é uma boa saída na hora da lista de presentes. “Estou aprendendo ainda, mas é uma boa alternativa de negócio e também alivia na hora de comprar os presentes”, conta a artesã, que vendeu cinco garrafas que fez para uma amiga.
Segundo ela, para fazer a pintura, a garrafa passa por um processo de jateamento, para deixar a superfície porosa, capaz de fixar a tinta. “Eu compro as garrafas preparadas e depois aplico a pintura. É uma terapia”.
A também dona de casa Maria José Campos, 62 anos, desde criança sempre gostou de bordados, utiliza a arte para complementar a renda e também aliviar o bolso no Natal. “Desde os 11 anos que eu faço bordado, não dá para ganhar muito não, mas vale pela distração. No Natal, eu presenteio pessoas da família e amigos. E faz sucesso! Quem não ganha fica bravo, comigo”, conta Maria José, que tem como companheira de agulha sua mãe, Maria César, de 98 anos, que faz crochê até hoje , que é disputado pelas filhas, netas e bisnetas. Com isso, a dona de casa consegue presentear e satisfazer a família sem ter que gastar muito.
No entanto, tem gente que descobriu no artesanato um forma de trabalho e tira o sustento das peças que produz. É o caso da artesã Roseli Lopes, 43 anos, que se dedica à pintura em utensílios, com vasilhas, potes, garrafas, tapetes e tecidos. “Compro as vasilhas e preparo-as para pintura. Tudo o que der para pintar eu pinto”, afirma Roseli, que garante que seu estoque de peças para o Natal já está no fim.
“Toda hora tem alguém me procurando para comprar uma peça. Às vezes, elas até trazem um pote ou peça para eu fazer a pintura. É uma forma de valorizar a nossa arte e é muito gratificante”, conta a artesã, que vende as peças por um preço médio de R$ 10 e R$ 12.
Já a nutricionista e empresária Lina Márcia Storino, 50 anos, de tanto fazer bombons e chocolates para vender e presentear acabou tomando coragem para abrir um negócio e estudar Nutrição. “Eu trabalhava fazendo guirlandas e cachos com bombons, e tinha muitos clientes, mas sabia que precisava de um trabalho fixo. Comecei a trabalhar como gerente em um restaurante e comprei metade do negócio. Vendi e montei o meu próprio restaurante em um shopping. E digo que foram os bombons que me encorajaram a abrir meu negócio”, recorda Lina.
Entre as opções baratas e educativas de presentear no Natal estão os livros do programa “A Tela e o Texto”, desenvolvido há 10 anos pela Faculdade de Letras da UFMG. Com um preço de R$ 17,91, o kit vem com nove livros de bolso, dos mais diversos estilos literários, como poesia, crônica e texto jornalístico.

Grávida é atropelada e morre, mas bebê de 7 meses sobrevive em BH

Um bebê de sete meses, ainda em fase de gestação, sobreviveu a um grave acidente que matou sua mãe, a dona de casa Marlene Mathias de Oliveira Santos, 34 anos. Ela foi atropelada por um ônibus da linha 5882, por volta das 18h30 da última segunda-feira, ao atravessar uma rua do Bairro Aeronautas, em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo testemunhas, o veículo passou sobre a barriga da mulher, e o bebê foi arremessado cerca de dois metros, ainda envolto na placenta. Para os bombeiros que participaram do resgate, foi um verdadeiro “milagre de Natal” encontrar a criança ainda com vida.
Marlene morreu na hora. O recém-nascido foi socorrido por uma unidade do Corpo de Bombeiros e levado para o Hospital de Pronto Socorro Odilon Behrens, onde ficou internado no CTI Neonatal. O menino nasceu com 1,78 quilo e cerca de 40 centímetros. Segundo a assessoria do hospital, até o fechamento desta edição, o estado da criança era grave, mas estável.
Depois de fazer uma bateria de exames, a equipe médica detectou, na criança, hemorragia intracraniana de grau médio (a escala de gravidade, nesse caso, vai de 1 a 4) e dilatação da bexiga, problema que foi contornado. Até o início da noite de ontem, o bebê respirava com a ajuda de aparelhos e recebia medicação para estabilizar a circulação sangüínea.
De acordo com a assessoria do hospital, até o final da tarde de ontem nenhum parente da criança esteve no local em busca de informações sobre seu estado de saúde. Marlene era casada e deixou três filhos.
Moradores do bairro onde ocorreu o acidente ficaram estarrecidos com a cena. A técnica de enfermagem Janaí Valéria da Silva, que reside próximo ao local do atropelamento, contou que estava nos fundos de sua casa, quando ouviu o barulho. “Quando cheguei na rua, já tinha uma multidão. Muitas pessoas gritavam pelo nome de Marlene. Outra moradora disse ter visto um homem que seria o marido da vítima. “Parece que era o marido dela. Ele estava desesperado e chorando muito”.
O corpo de Marlene foi levado para o Instituto Médico-Legal de Belo Horizonte, onde foi periciado e liberado no início da madrugada de ontem. De acordo com a Polícia Civil, um irmão da vítima esteve no local para fazer o reconhecimento do corpo, que depois foi levado para a cidade de Alvorada de Minas, a 180 quilômetros da capital, onde foi sepultado ontem.
Os três bombeiros que socorreram a criança falaram à imprensa na tarde de ontem. Os cabos Paulo Minório e Fernando Antunes e o soldado Eudes Martins, do 3º Batalhão, que já fizeram outros partos em viaturas, disseram que a emoção foi forte. “Foi um procedimento bem mais complicado, de alto risco”, disse Paulo Minório.
“Ele estava praticamente sem respiração. Depois de regularizar a função respiratória, com uso de oxigênio, o aquecemos com uma manta e aguardamos a chegada de uma unidade avançada, que o levou ao hospital”, contou Fernando Antunes.
“É difícil acreditar em milagres, até depararmos com um, principalmente às vésperas do Natal. Foi emocionante. Não há como descrever o que sentimos. O que vale é a realização do dever cumprido”, disse o soldado Eudes Martins.
A reportagem do HOJE EM DIA entrou em contato com a Atual de Transportes, responsável pela linha 5882, mas a empresa não se manifestou sobre o acidente

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Multirão para mobilizar fiéis

Com o objetivo de aumentar o número de colaboradores da campanha do Metro Quadrado, deflagrada para viabilizar a construção do Centro Paroquial João Paulo II, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida mobilizará a equipe captadora de recursos numa espécie de mutirão, durante os dois primeiros domingos do mês de dezembro, em todas as missas de suas três comunidades. A iniciativa começa no próximo dia 7 de dezembro, na Catedral, que fica na Praça Pio XII, Centro de Montes Claros, às 7h, 9h, 18h30 e 20h. E no dia 14, o ato de conscientização sobre a necessidade da obra acontecerá na Capela São José, na Rua Germano Gonçalves, Bairro São José, às 9h e 19h, e no Santuário Bom Jesus, na Praça Bom Jesus, Centro, na Missa das 8h.

ENCONTRO

Na noite da última sexta-feira, 28 de novembro, o pároco, padre Dorival Souza Barreto Júnior, reuniu os cerca de 30 integrantes de sua equipe de trabalho para avaliar o andamento da campanha e também para ultimar os preparativos referentes ao mutirão. O sacerdote lembrou que o Centro Paroquial João Paulo II tem sua importância física, pois se trata de arrojada edificação (complexo de salas, secretaria, salão, casa paroquial, capela e estacionamento), talvez a primeira desse porte na área de abrangência da Arquidiocese de Montes Claros, mas representará de forma especial um espaço generoso voltado exclusivamente para a evangelização, que, afinal, é o objetivo básico da Igreja. O encontro foi realizado na própria construção.

CONSTRUÇÃO

A obra já recebeu parte da segunda de um total de cinco lajes previstas e consumiu algo em torno de R$ 400 mil, aplicados no pagamento de pessoal e na aquisição de material. O processo de demolição, escavação e fundação do terreno de 2.340 metros quadrados, localizado nas proximidades da Catedral, ocorreu em julho do ano passado. O projeto arquitetônico leva a assinatura de Gil Rocha, enquanto o projeto estrutural de Paulo Renato Veloso Versiani. A Campanha baseia-se na doação do metro quadrado, cuja unidade é oferecida a R$ 700,00. Até o dia 28 de novembro, a paróquia computava 733 metros quadrados conseguidos. Todos os benfeitores terão seus nomes gravados na capela, de adoração permanente ao Santíssimo Sacramento, e receberão brinde simbólico – uma capelinha no formato da Catedral, com a estampa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira da Paróquia e do Brasil. Os interessados podem obter mais informações pelo telefone (38)3221-5028 ou pelo site www.catedralmoc.org.br ou, ainda, via e-mail, contatocatedralmoc@gmail.com .

RESULTADO

Padre Dorival Barreto e sua equipe observarão os resultados do mutirão. A idéia é que, se houver boa receptividade por parte dos fiéis, a ação seja praticada mensalmente.

313 milímetros de chuva no mês de Dezembro


De acordo com Célio de Castro, do 5° distrito de meteorologia, choveu 313 milímetros no mês de novembro. Revela ainda que no dia 11 de novembro, choveu 45 milímetros, sendo este o dia mais chuvoso deste mês.
Célio de Castro afirma ainda que, quanto a dezembro, a média histórica é de 237. A expectativa é de que as chuvas caiam ainda mais e este índice seja alcançado.


Previsão


E no primeiro dia do mês de dezembro, ontem, praticamente choveu durante todo o período. As sombrinhas e guarda-chuva mais uma vez foram usadas pelos montes-clarenses.

- Temos que prevenir. Graças a Deus a chuva está caindo há alguns dias, o que beneficia tanto quem mora na cidade quanto aquele que mora na zona rural e depende da chuva para sobreviver - afirma o autônomo Carlos Eugênio Souza, que na manhã de ontem transitava pela Rua Carlos Gomes, centro, durante uma pancada mais forte de chuva.


Temperatura

Ontem, a temperatura máxima foi de 27°C e a mínima 21° C. Para hoje, 02, de acordo com o instituto de meteorologia Clima Tempo, a previsão é de mais chuvas durante o dia. A temperatura máxima será de 27° C e a mínima 22° C.

Alternativas para os avós nas férias

Independentes e com atividades físicas e culturais na maior parte do ano em universidades, centros de apoio e convivência, além de entidades como o Sesc, os idosos ficam sem opções de lazer em janeiro, quando esses locais entram em férias. Viajar seria uma alternativa, se não fosse alta temporada. Alminda Barbosa, de 67 anos, dá um sugestão. Ela irá aproveitar o tempo livre para ir ao cinema, participar da campanha de popularização do teatro, que começa dia 2 de janeiro, e descansar. Afinal, trabalhou o ano inteiro e agora quer aproveitar as férias. «Não viajo em janeiro porque é tudo muito difícil. As estradas estão cheias e eu ainda dirijo. Sem contar que os preços aumentam muito. Mas vou fazer uns passeios com meus netos. Aproveitar que a cidade fica mais calma e vazia», diz a aposentada, que é também promotora de produtos de beleza.
Porém, muitos idosos podem ficar sozinhos porque a família irá viajar. Nesses casos, a opção é seguir com os parentes como Josefina Gonçalves, de 72 anos, ou encontrar uma colônia de férias. Há 17 anos participando das atividades do Grupo Fim de Tarde, na Gameleira, ela admite que sentirá saudades dos amigos do local, mas aproveitará o tempo vago em um sítio, em Itabira. Josefina só não conseguirá dar continuidade às atividades físicas que se acostumou a executar. «É muito difícil fazer exercícios lá porque não terei acompanhamento. De todo jeito, a gente sente falta», disse a aposentada.
Se fosse ficar na capital, Josefina poderia até procurar uma das duas unidades do Sesc que desenvolverão atividades no mês de janeiro. Na Santa Quitéria, no Bairro Carlos Prates, Região Noroeste da capital, o programa de mini-férias começará dia 7 e irá até 18 de janeiro. As atividades acontecerão de 8 às 11 horas, simultaneamente ao programa Terceira Idade, que já atende a 800 idosos e não tem férias. A colônia terá cinemas, jogos eletrônicos, shows, além de atividades culturais e físicas. Para participar é necessário ter mais de 50 anos, apresentar um atestado médico e levar dois quilos de alimentos não perecíveis.
Já no Sesc Santa Luzia, o Projeto «Estação Férias, Terceira Idade em ação» começará dia 15 de janeiro e irá até o dia 18. A idéia é incentivar as pessoas com mais de 60 anos a participarem das atividades durante todo o ano, no grupo Alegria de Viver. Na programação constam dinâmicas, oficinas de artes, jogos, atividades recreativas e esportivas, relaxamento e até baile pré-carnavalesco. As inscrições podem ser feitas no local, Avenida Brasília, 3.505, no Bairro Cristina, de 7 a 15 de janeiro. Os centros de apoio e convivência reabrem no fim de janeiro. Já as atividades em todas as unidades do Sesc serão retomadas a partir do dia 15. Na UFMG, o grupo Terceira Idade recomeça apenas em março.

Na agenda de janeiro, viagem para a praia

Ao contrário de alguns idosos, Anália Eulália Ferreira, que completará nos 60 anos nos próximos dias, não abre mão das viagens nas férias. Depois de já ter feito pelo menos três excursões em 2007 com o grupo do Sesc, ela está novamente de malas prontas para passar o Réveillon na Praia de Jacaraípe (ES). Dessa vez, a viagem será feita por conta própria, com amigos que conseguiram um lugar na excursão da associação dos profissionais do vestuário. O acordo possibilitou que a viagem fosse feita mesmo no período de alta temporada, quando os preços de hospedagem são sempre mais caros. «Queríamos ir para Copacabana, no Rio de Janeiro, mas como já conhecemos, escolhemos outro lugar. Sempre tem um jeito para viajar. No nosso caso, reservamos ainda em outubro», contou a aposentada.
Apesar de o número de viagens feitas por idosos ser bem menor em janeiro, agências de turismo confirmam que o movimento não acaba. No Estado, o destino mais procurado é Caldas Novas, no Sul de Minas. Para esse local, geralmente são feitos pacotes terrestres, que giram em torno de R$ 600, um terço do valor do pacote aéreo em alta temporada.
Além disso é bom lembrar que o Estatuto do Idoso facilita um pouco as viagens. A lei determina que, em viagens interestaduais, duas vagas nos ônibus convencionais sejam reservadas para pessoas com mais de 60 anos e que tenham renda comprovada de até dois salários mínimos. Caso essas vagas já estejam ocupadas, outros idosos podem viajar com 50% de desconto. Segundo a Coordenadoria dos Idosos de Belo Horizonte, apesar das concessionárias terem entrado na justiça contra a lei, ela vem sendo respeitada na capital.
Anália não sabe se utilizará desse recurso. Mas, depois de visitar o Espírito Santo, o destino dela será o Distrito Federal, quando irá comemorar o aniversário com amigos. E, após tanto movimento, vem o merecido descanso, no sítio da família. Afinal, já em fevereiro as excursões do Sesc recomeçarão. O conselho dela para jovens idosos é nunca parar.

PM do Rio tenta coibir furtos de carros na Barra da Tijuca

A Polícia Militar vai reforçar o policiamento na Barra da Tijuca, no Rio, para coibir os roubos e furtos de automóveis. No domingo, foram feitos pelo menos dez registros de roubos de carro na delegacia do bairro. Entre as vítimas, o cantor e compositor Paulinho da Viola e a atriz Helena Ranaldi. Ontem, Helena Ranaldi disse que pretende mudar seus hábitos e deixará de trafegar pela Linha Amarela, via expressa que liga a Zona Norte à Zona Oeste. Ela conseguiu escapar de um arrastão na subida da Linha Amarela. Como seu carro, uma Pajero, é blindado, ela se abaixou e acelerou, furando o bloqueio dos assaltantes. A Polícia já tem pistas dos assaltantes que levaram o carro do compositor Paulinho da Viola, que junto da mulher, Lila, tiveram seu Honda Civic roubado por quatro homens armados na Estrada do Itanhangá, na Barra da Tijuca.

Vereadores adiam votação sobre a nova rodoviária de Belo Horizonte

A pressão da bancada do PT adiou a votação, a toque de caixa, do projeto de lei de autoria do prefeito Fernando Pimentel (PT), que autoriza licitação para construir uma nova rodoviária em Belo Horizonte, no Bairro Calafate, Região Oeste. Ontem, a bancada petista e vereadores de outros partidos se reuniram com o secretário de Governo, Paulo Moura, tendo decidido que as três reuniões extraordinárias convocadas para esta semana (de quinta-feira a sábado) serão estendidas até o dia 18.
Além da rodoviária, será votado outro projetos polêmico, que transforma o Mercado Distrital do Bairro Cruzeiro em espaço cultural. Dos nove vereadores do PT, dois não participaram da reunião: a líder do prefeito, Neusinha Santos, e Arnaldo Godoy. Embora não seja vereador, compareceu o presidente do diretório municipal do PT, Aluísio Marques. A líder do PT, Neila Batista, concluiu que só três dias de reuniões extraordinárias, prazo defendido por Neusinha Santos, não seriam suficientes para votação dos projetos em função dos prazos regimentais.
Como exemplo, Neila citou o projeto da rodoviária, que até agora só foi apreciado pelas comissões, onde recebeu emendas. Ele não pode ser aprovado em apenas duas reuniões plenárias, em dois turnos. O Regimento Interno da Câmara exige um prazo maior nas comissões.
Neila Batista contestou um suposto «descontentamento» da bancada com o prefeito Fernando Pimentel e anunciou que todos os vereadores comparecerão às reuniões, exceto dois ou três, que estarão viajando de férias. Segundo a líder, dos 41 vereadores, Pimentel teria o apoio de quase todos. Ela deixou claro que os projetos não foram votados até agora porque são polêmicos. O vereador Geraldo Félix (PMDB) defendeu a construção de quatro rodoviárias nas regiões Leste, Oeste, Norte e Sul de BH.

Nova tabela do IR começa a vigorar hoje

Uma nova tabela do Imposto de Renda passa a vigorar hoje, corrigida em 4,5%. A faixa de isenção será elevada de R$ 1.313,69 para R$ 1.372,81 por mês. Já a alíquota de 15% irá incidir sobre os ganhos entre R$ 1.372,82 e R$ 2.743,25. A maior alíquota, de 27,5%, passará a incidir sobre os salários acima de R$ 2.743,25, contra os R$ 2.625,12 anteriores. Com a nova tabela, o IR retido na fonte será menor. Quem ganha R$ 2.800 tem retido ao mês R$ 245,14. Com a nova tabela, o desconto passará a ser de R$ 221,52, o que dará um ganho de R$ 23,62 por mês ou R$ 307,06 no ano (incluindo o 13º salário).

Término da CPMF

Quando os bancos reabrirem amanhã, os brasileiros não estarão mais pagando a alíquota de 0,38% sobre toda movimentação financeira. A CPMF deixa de ser cobrada em 2008, conforme foi decidido pelo Senado do último dia 12.

Pac vai criar 2 milhões de empregos,diz Lula

BRASÍLIA - O presidente Lula disse ontem que está com uma visão «muito otimista» para 2008 porque a economia continua crescendo. Na avaliação do presidente, os resultados dessa previsão positiva começarão a aparecer a partir de fevereiro, quando as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) vão produzir «alguns efeitos», como gerar cerca de 2 milhões de empregos, segundo a expectativa do Governo. «Nós achamos que muitos investimentos estão para acontecer agora, sobretudo as obras do PAC, ou seja, que elas agora, entre fevereiro, março e abril, quase todas as obras vão começar a gerar emprego, ou seja, vão começar a produzir alguns efeitos que nós queremos, para melhorar a vida do povo, para gerar emprego e gerar distribuição de renda», afirmou Lula, durante o programa semanal de rádio «Café com o Presidente».
Lula disse que está «muito otimista» com relação a 2008, pois as «coisas estão funcionando corretamente» e que o ano novo será será melhor que 2007. «Eu penso que nós vamos ter um 2008, eu diria, melhor do que 2007, com mais emprego, com mais crescimento na economia», afirmou. Na avaliação do presidente, 2007 foi dos melhores anos dos últimos tempos porque, segundo ele, as pessoas acreditam que o Brasil encontrou o seu caminho. Além disso, a economia está indo bem, com salários e emprego crescendo. «E é tudo que as pessoas desejam: tranqüilidade para viver com muita dignidade», afirmou Lula.

Desmatamento

Dez dias depois de o Governo ter admitido que o desmatamento voltou a aumentar nos últimos quatro meses, Lula anunciou que vai convocar governadores e prefeitos a Brasília para firmar um compromisso destinado a diminuir a derrubada de florestas. «Nós precisamos ser mais duros», advertiu no programa de rádio. Ao dar ênfase à questão ambiental, o presidente destacou que houve uma redução em 60% do desmatamento nos últimos três anos, o que considerou «uma coisa extraordinária».

Fernando Henrique reafirma possibilidade de prévias no PSDB para 2010


O ex-presidente Fernando Henrique (PSDB) reconheceu, na manhã de hoje, em Belo Horizonte, que o PSDB tem dois postulantes à candidatura presidencial e que as prévias podem ser um bom instrumento para decidir qual deles será o nome. A declaração foi dada ao lado do governador Aécio Neves, um dos postulantes, depois de pernoitar no Palácio das Mangabeiras. FH descartou a saída de Aécio do PSDB por conta do dilema, garantindo que o mineiro é homem de partido. Sobre o relacionamento do partido com o Governo Lula, disse que é ameno e que, na hora de criticar, não pode se omitir. Com relação à crise econômica global, disse o Brasil tem melhores condições de enfrentá-la do que muitos países.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Lula vai cobrar responsabilidades de Prefeitos

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende cobrar responsabilidades dos prefeitos eleitos e reeleitos daqui a um mês e meio, quando reunirá todos em Brasília. Inicialmente, a reunião com os prefeitos está marcada para o dia 15 de janeiro.
Lula disse ontem que é necessário haver um “jogo combinado” no qual o prefeito de cada município será o “principal” fiscal para que as parcerias em curso sejam mantidas e até aperfeiçoadas.
A idéia do presidente durante a reunião de janeiro é centralizar as discussões nos programas sociais, nas ações de combate à dengue e nas questões de preservação do meio ambiente e fim das queimadas em 36 municípios.
Ao comentar o problema do desmatamento na Amazônia, o presidente lembrou que o maior porcentual de queimadas ocorre em poucos Estados e em 36 cidades.
“Em vez de brigar na imprensa, é melhor chamarmos o governador e prefeito para pactuar com eles e que o prefeito seja o principal fiscal”, disse o presidente. “Estou convencido de que as políticas públicas só chegarão lá na ponta se os prefeitos estiverem engajados”, afirmou Lula, em cerimônia que premiou projetos que visam o aperfeiçoamento do programa Bolsa Família.
Entre os Estados que estão no topo do ranking do desmatamento, segundo levantamento apresentado nos últimos anos pelo Ministério do Meio Ambiente, estão Mato Grosso e Pará. Os governadores Blairo Maggi (PR) e Ana Júlia Carepa (PT) são aliados do Planalto. Ana Júlia, inclusive, estava presente à solenidade.
De acordo com o presidente, é necessário que a parceria da União com os estados e municípios seja total, do contrário, há o risco de não ser bem-sucedida. “Se não tivermos uma política combinada com cada cidade, a gente não vai conseguir vencer, no tempo que nós precisamos vencer nesta parceria”. Lula disse ainda que cobrou dos 37 ministros a apresentação de um estudo sobre as parcerias estaduais e municipais que cada área mantém. A idéia é definir responsabilidades e esclarecer dúvidas.
Mais uma vez, o presidente negou a possibilidade de cortes em programas sociais em decorrência dos efeitos da crise financeira internacional. Segundo ele, a crise financeira não será obstáculo para a manutenção das ações do governo. O presidente da República disse que não haverá corte no orçamento para programas como o Bolsa Família e também para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
“Companheiros, estejam seguros de que, se tiver uma crise mais forte, a gente pode até não aumentar o benefício. Mas podem ter certeza que não haverá crise no mundo que me faça tirar um centavo dos pobres”.
Antes de inciar seu discurso, o presidente da República voltou a pedir um minuto de silêncio pelas vítimas das enchentes em Santa Catarina. Lula disse que o governo tomou algumas medidas para evitar os efeitos da crise no País, como a liberação de compulsório para garantir o crédito, incentivo para a construção civil, garantias de capital de giro para pequenas e médias empresas e aumento do financiamento para a compra de automóvel.
Ainda na defesa dos programas sociais mantidos pelo governo federal, Lula disse que cada centavo investido em ações como o Bolsa Família, o governo está transferindo R$ 1 para que as pessoas sejam cidadãs

Rodovias do Sul de Minas recapeadas

VARGINHA - Rodovias estaduais e federais delegadas ao Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), no Sul do Estado, serão recuperadas nos próximos meses. As obras começam na segunda-feira que vem, garantiu ontem o secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Fuad Noman. Ele esteve na sede da coordenadoria do DER de Varginha, onde assinou a ordem de serviço, na presença de dezenas de prefeitos da região. As obras serão realizadas na BR-267 (entroncamento com a BR-381, próximo a Monsenhor Paulo), BR-862 (entrada para São Bento Abade), BR-491 (de Varginha à BR-381), BR-167 (entrada para a BR-265, em Varginha) e AMG-1035 (entrada para a BR- 267, em Aiuruoca.
Noman informou que a Secretaria de Transportes e Obras Públicas (Setop) está liberando R$ 128 milhões, destinados à manutenção de 505 quilômetros de rodovias no Sul de Minas, sob a jurisdição da 10ª Coordenadoria do DER. Serão beneficiados 24 municípios da região. Os recursos são provenientes do Tesouro Estadual e da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide). “Não haverá operação tapa-buracos. Serão obras de recuperação e conservação das estradas”, garantiu. “A obra consiste em arrancar o asfalto velho e colocar uma nova camada”, acrescentou.
A expectativa é que, em um ano, todos os trabalhos de recuperação estejam concluídos ou pelo menos bem adiantados. “Vamos depender do fator tempo. Excesso de chuva interrompe os trabalhos, mas apenas momentaneamente”, disse.
O prefeito de Boa Esperança, Jair Alves de Oliveira (PT), comemorou. “A melhoria das estradas, para nós prefeitos e moradores das cidades do Sul de Minas, se traduz em melhoria da qualidade de vida, pois significa a oportunidade de escoarmos melhor a nossa produção, levarmos nossos alunos para estudar em municípios vizinhos e de recebermos novos empreendimentos, como indústrias. Ninguém quer montar uma empresa em uma cidade com acesso problemático e estradas precárias”, disse Jair Oliveira.
Ele ressalta que Boa Esperança, como outros muitos municípios da região, tem no turismo uma de suas fontes de renda. A precariedade do acesso limita a quantidade de visitantes. “Sem turistas entra menos recursos e a economia não alavanca”, disse. Os prefeitos de municípios do Circuito das Águas, como Caxambu, São Lourenço e Cambuquira, também presentes ao evento realizado ontem em Varginha, fizeram observações semelhantes.

Conflitos agrários no Norte de Minas serão investigados

MONTES CLAROS - A Relatoria do Direito Humano à Alimentação e Terra Rural, entidade nacional ligada a movimentos sociais, realiza hoje, em Montes Claros, audiência pública para debater as denúncias de violação dos direitos humanos em conflitos agrários, no Norte de Minas. As áreas mais críticas seriam a dos remanescentes quilombolas Brejo dos Crioulos, entre os municípios de Varzelândia e São João da Ponte, e a de ocupação em São Francisco.
O relator da entidade, Clóvis Zimmermann, e a assessora Jônia Rodrigues começaram a apurara as denúncias ontem, quando visitaram Brejo dos Crioulos. Hoje, a partir das 14 horas, eles participam da audiência pública, no auditório da Câmara Municipal. A entidade visita a região pela primeira vez. O Norte de Minas tem cerca de 40 ocupações, promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), a Liga dos Camponeses Pobres e a Via Campesina.
A Relatoria do Direito Humano afirma que a visita a Brejo dos Crioulos seria para verificar as condições de acesso ao território e de produção de alimentos pelos quilombolas. O relatório aponta a existência de 460 comunidades quilombolas em Minas Gerais e somente uma teria a titulação da terra. “Além disso, essa única comunidade, a Porto Coris, teve suas terras alagadas para a construção da Usina Hidrelétrica de Irapé. É para esse cenário marcado pela constante negação dos direitos das comunidades tradicionais quilombolas que a rede de direitos humanos Plataforma Dhesca Brasil levará sua próxima missão”, alega Clóvis Zimmermann, da coordenação do projeto Relatorias Nacionais em Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais.
A entidade foi acionada pela Comissão Pastoral da Terra e o Centro de Agricultura Alternativa, sob alegação de 450 famílias de Brejo dos Crioulos “nunca foram atendidas na reivindicação pela área, composta por propriedades improdutivas, nem recebem atendimento do Estado”. “Sem terra para plantar e sem assistência à produção agrícola, o acesso à alimentação básica fica seriamente comprometido. Além disso, as famílias são ameaçadas por pistoleiros da região. A denúncia é que a situação na localidade é bastante tensa”, alegam os coordenadores da entidade.

Matador de Ganhador da Mega é Preso

SÃO PAULO - A Polícia Civil apresentou na tarde de ontem o suspeito de ter matado o ganhador do prêmio da Mega-Sena Altair Aparecido dos Santos, de 43 anos, na cidade de Limeira (151 km de São Paulo). O crime teria acontecido durante uma tentativa de assalto à residência da vítima.
De acordo com João Batista Vasconcelos, delegado de homicídios de Limeira, o suspeito, Diego Sebastião dos Santos, 21 anos, foi preso na segunda-feira, mas não foram divulgados os detalhes da investigação que levou à prisão.
Segundo o delegado, o jovem confessou ter invadido a casa de Altair, no condomínio Portal das Flores, no dia 16 de novembro, para praticar um roubo. O suspeito afirma que a vítima reagiu com um cabo de vassoura e por isso foi baleado no peito.
Altair chegou a ser socorrido pela mulher e por vizinhos que ouviram o disparo. Ele foi encaminhado à Santa Casa de Limeira, onde morreu.
De acordo com a polícia, Diego era foragido da penitenciária Ataliba Nogueira, na cidade de Campinas (SP), onde cumpria pena por outros roubos. O suspeito está detido na sede da delegacia seccional de Limeira.
Durante as investigações da morte de Altair, a viúva da vítima apontou como possível suspeito Dogival Bezerra de Oliveira, 51 anos, conhecido como “Chaveiro”.
Segundo ela, Oliveira teria ameaçado a vítima por não ter recebido o mesmo valor que os outros participantes de um bolão que rendeu o prêmio de R$ 16 milhões em 2007.
Outras 13 pessoas entraram no bolão e os 14 dividiram o prêmio de R$ 16 milhões. O grupo se reunia em um bar e costumava apostar semanalmente. Cada um apostou R$ 5.
Na época, dois amigos que ficaram de fora do bolão entraram na Justiça na tentativa de receber parte do prêmio. Em meio à disputa judicial, o grupo de ganhadores concordou em pagar uma parcela menor aos dois que ficaram de fora.
Oliveira prestou depoimento e negou envolvimento com o crime e disse que “jamais mataria alguém”. Aos policiais ele disse que na noite do crime havia saído com a mulher e com a neta para comer um lanche.
Santos foi baleado em sua casa, no condomínio Portal das Flores, no momento em que apagava as luzes do imóvel, após um churrasco. O disparo foi ouvido pela mulher dele.
Durante as investigações, a polícia constatou que o local do crime foi lavado. Em depoimento, a mulher de Santos afirmou que uma amiga da família limpou as manchas de sangue para não assustar o filho de oito anos de Silva.
O delegado informou que agora serão tomados os procedimentos de praxe, para o indiciamento do assassino. Segundo a legislação brasileira, o acusado Diego Sebastião dos Santos pode pegar até 30 anos de cadeia por latrocínio, que é o roubo seguido de morte da vítima. Ainda não há previsão para o julgamento.

Poluição em Minas eleva o risco de seca e vendaval

A agricultura, o desmatamento e a pecuária, além da produção e do consumo de energia, são os principais responsáveis, em Minas Gerais, pela emissão de gases causadores de efeito estufa. É o que mostra estudo divulgado ontem pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). Somente em 2005, nada menos que 122,9 milhões de toneladas de gases foram lançados, pelo estado, na atmosfera. Apesar de não serem poluentes, formam uma barreira que impede a saída da radiação solar, elevando a temperatura do ambiente. Na ponta, o resultado do aquecimento é sentido pelo cidadão de maneira trágica: para especialistas, está associado à freqüência cada vez maior de estiagens prolongadas, tempestades e vendavais.
Batizado de Inventário de Gases de Efeito Estufa, o diagnóstico mostra os setores que mais contribuíram para a formação dos gases e a quantidade produzida no Estado. Segundo a Feam, será base para a elaboração de políticas públicas para incentivar a redução das emissões, sem prejuízo da atividade econômica.
Apesar de a maioria das pessoas associar a produção de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases do feito estufa, à fumaça liberada por automóveis, outros “vilões” existem em setores aparentemente inofensivos, agravando o aquecimento global. É o caso da pecuária, um dos motores da economia de Minas.
As 20 milhões de cabeça de gado que pastam em território mineiro ajudam a fazer da agricultura, das florestas e do uso do solo o carro-chefe na emissão de gases no estado, com 51,4% do total. A digestão do capim faz os animais produzirem metano (CH4), gás que também ameaça a manutenção da temperatura do planeta. Junto ao óxido nitroso (N2O), ele ainda é liberado nas fezes do gado, aumentando o estrago.
Fora do campo, indústrias colaboram para a desordem na natureza. Como o comércio, os meios de transporte e as próprias residências consomem energia, emitindo gases nocivos ao ambiente. Um exemplo está na siderurgia, que usa carvão mineral para obter o ferro - processo que libera os tais gases. Conforme o relatório, as indústrias mineiras produziram, somente ao usar energia, 20 milhões de toneladas de dióxido de carbono em 2005.


Desequilíbrio exige medidas urgentes

Políticas públicas para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa vêm com atraso, diz o professor e cientista Luiz Cláudio Costa. Líder da equipe de especialistas em Mudanças Climáticas da Organização Meteorológica Mundial, vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), ele garante que o impacto do aquecimento sobre o planeta já está acontecendo. Ocorre, por exemplo, sob a forma chuvas com intensidade e freqüência maiores. “Fenômenos extremos, de grandes proporções, estão ficando cada vez mais comuns, e isso está ligado às mudanças climáticas. Não é um problema para o futuro, mas atual”, alerta.

No caso do efeito estufa, os gases retêm a radiação solar. Uma das conseqüências é que a atmosfera passa a comportar um volume muito maior de vapor d’água, potencializando a força da chuva. Em outra frente, o aquecimento maior leva a mais evaporação, causando seca prolongada em outras regiões.
“A temperatura elevada é só um dos aspectos das mudanças climáticas. Precisamos estar preparados para outros. A Defesa Civil, os bombeiros e os governos têm que fazer, por exemplo, estudos de barragens de contenção de águas de chuva, para evitar danos maiores. Essas estruturas foram projetadas para uma situação, mas o quadro atual é outro”, diz Luiz Cláudio, atualmente reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Meteorologista do MG Tempo/ Cemig/ PUC Minas, Ruibran dos Reis também acredita que ocorrência mais freqüente de desastres naturais está relacionada ao aquecimento global - embora não seja possível ligar um fenômeno específico ao aumento da temperatura no planeta. “Chuvas de granizo aconteciam antes, mas em geral uma vez por ano, em uma ou outra cidade. Em 2008, houve registros em 25 cidades de Minas”, exemplifica.
O diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Paulo Eduardo Fernandes de Almeida, reconhece a ligação entre os fatos, e diz que o inventário pode ajudar a traçar estratégias para minimizar a emissão de gases do efeito estufa no estado.
Ele explica que o efeito estufa tem um lado benéfico - se não existisse, a temperatura na Terra seria de 17°C negativos, dificultando até a sobrevivência humana. Mas o aquecimento em índices cada vez maiores acarreta uma série de problemas. Na agricultura, compromete a produtividade do solo. Na esfera da saúde, em especial em áreas tropicais, favorece a disseminação de doenças.
Sem falar nas mudanças climáticas. “Os impactos são enormes, porque a mudança no regime de chuvas na Amazônia pode afetar a biodiversidade na floresta. E o calor pode acelerar o derretimento das geleiras, aumentando o nível de água nas cidades costeiras”, explica Paulo.

Emissão sob controle é possível

Pôr um ponto final na emissão de gases de efeito estufa é impossível, mas diminuir a quantidade lançada no ambiente é viável, diz o diretor da Feam. Segundo ele, o inventário vai permitir que o estado trace estratégias e metas para serem alcançadas por todos os setores. Mas será preciso atacar em várias frentes.
Em Minas, a agricultura gera gases, por exemplo, quando há queima de resíduos como palha de milho ou de cana de açúcar. O produto é o óxido nitroso (N2O), que tem poder de aquecimento 310 vezes maior que o CO2. A adubação do solo, feita com uma mistura de calcário e nitrogênio, também gera metano (CH4). Mas o maior desafio é mesmo conter o desmatamento. A vegetação capta CO2. Se há queimada, além de isso deixar de acontecer, ainda há liberação do gás no ambiente.
O transporte - de mercadorias ou pessoas - feito basicamente em veículos movidos a óleo diesel ou gasolina também é um atentado à natureza. A queima dos combustíveis ajuda a fazer da energia a vice-líder na emissão de gases no estado, com 36,9%. Em terceiro lugar estão os resíduos (5,9%), já que a deposição de lixo nos aterros também libera gases. E, em quarto, os processos industriais (5,8%), já que a fabricação de determinados produtos também tem como resultado gases de efeito estufa. No caso do cimento, eles surgem da interação do calcário com o oxigênio.
Segundo Paulo, a questão é que, como os gases em si não são poluentes, não há como impedir que eles sejam gerados. “É também uma questão econômica. Não podemos parar essas atividades”, diz. No entanto, estudos para adotar alternativas estão a caminho.
“Aqui, em geral, não se aproveita o gás metano. mas ele pode ser usado para produzir energia elétrica”, diz. Outra idéia, ainda em estudo, é substituir os derivados do petróleo usados nos fornos das indústrias por biomassa, que pode vir do lixo, por exemplo. Ontem, durante a apresentação do inventário, a Feam e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) assinaram dois protocolos. O primeiro é para medição dos gases produzidos por indústrias específicas, já que o estudo avaliou o índice no setor. O segundo é para adoção das medidas alternativas pelas indústrias, reduzindo, de fato, a liberação dos gases - mas nos dois casos, a adesão das empresas será voluntária. Fora das indústrias, o cidadão pode contribuir economizando energia e deixando o carro na garagem. O estudo foi feitopelo pesquisador Alexandre D’Avignon, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Para o professor Luiz Cláudio Costa, da UFV, é preciso correr contra o tempo. “Em São Paulo, já foi lançado em 2008 um plano que vai investir R$ 100 milhões, durante uma década, em ações para redução dos gases”, afirma o pesquisador.

Auto-Escola podem fechar

Pelo menos 300 das 1.500 auto-escolas de Minas Gerais podem fechar as portas, a partir de janeiro de 2009, por não terem condições de atender às novas regras determinadas pelo Departamento de Trânsito (Detran-MG). Uma das exigências é o uso do leitor biométrico para comprovar a presença dos candidatos à carteira de habilitação nas aulas de legislação. Os estabelecimentos também serão obrigados a comprar moto para as aulas práticas e realizar obras para facilitar o acesso de pessoas com dificuldade de locomoção.Para as auto-escolas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o registro da presença dos alunos pelo sistema de biometria começa a valer a partir de 1º de dezembro. Para as localizadas no interior, a regras entram em vigor a partir de 1º de janeiro de 2009.O presidente do Sindicato dos Proprietários dos Centros de Formação de Condutores de Minas Gerais, Rodrigo Fabiano da Silva, afirma que as novas exigências deverão aumentar de R$ 800 para R$ 1.100 o custo final para um aluno conseguir a habilitação. Esse valor inclui as taxas cobras pelo Detran. Ele acredita que os clientes das empresas vão ganhar com veículos novos e sedes mais confortáveis.“Somos a favor das novas regras para melhorar a qualidade do aprendizado em Minas Gerais. Com o sistema de biometria, vai acabar a prática de venda de certificado de presença nas aulas de legislação por até R$ 150”, afirmou Rodrigo Fabiano. Ele conta que os alunos assinavam o livro de presença sem terem assistidos às 30 aulas de 50 minutos cada.As auto-escolas de Belo Horizonte começaram a usar a biometria no dia 1º de novembro deste ano. Das 260 instaladas na capital, 40 não instalaram o equipamento para confirmar a presença pelo sistema digital. “Quem não tem o leitor biométrico fica impedido de entrar no banco de dados do Detran para marcar as provas de seus alunos”, alertou. O sistema de biometria custa de R$ 200 a R$ 335.Segundo o Detran de Minas, a partir de janeiro do próximo ano, os Centros de Formação de Condutores de Minas Gerais não poderão ter policiais ou servidores públicos como proprietários ou na diretoria. Com a biometria, a presença dos diretores de ensino, profissionais responsáveis pela parte pedagógica dos cursos, também terá que ser feita pela biometria. Quem descumprir a determinação poderá perder a licença de funcionamento dada pelo Detran. As auto-escolas também serão obrigadas a apresentar certidões negativas de débito junto às receitas Federal e Estadual, à Previdência Social e às prefeituras das cidades onde estão instaladas.Carga horária aumenta em janeiroA partir de janeiro de 2009, a carga horária do curso de legislação aumenta de 30 para 50 aulas de 50 minutos cada. As aulas práticas passam de 15 para 20 de 50 minutos cada. Com as novas regras, aumentou 50% a procura de candidatos inscritos nas auto-escolas para garantir a carteira de habilitação com a carga horária menor.“Consegui marcar somente para 21 de janeiro de 2009 a minha prova de legislação. Como eu marquei neste ano, vou poder fazer o exame de legislação com 30 aulas de 50 minutos”, declarou o técnico em enfermagem Flávio Souza Silva, 28 anos, morador do Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Por ter freqüentado as aulas de legislação neste ano, ele calcula em R$ 80 o valor que conseguiu economizar .O Detran de Minas também pretende implantar o sistema de biometria para comprovar a presença dos candidatos à CNH nas aulas práticas. O uso da presença pelo sistema digital deve começar a ser cobrado a partir de fevereiro. O Detran informou que não pretende prorrogar o uso da biometria para as auto-escolas. O equipamento teria que começar a ser usado em agosto deste ano, mas foi prorrogado para atender a um pedido do sindicato que representa a categoria.O Detran não informou quantas auto-escolas poderão ser fechadas, mas o HOJE EM DIA apurou junto a uma fonte do órgão que serão abertos pelo menos 10 processos administrativos de empresas de Belo Horizonte que usaram o leitor biométrico de forma irregular.De acordo com a direção do órgão, as novas regras foram criadas para evitar fraudes e melhorar a qualidade de ensino dos candidatos à carteira de motorista.

Médico é acusado de tráficar remédio

O psiquiatra Bruno Moura Ricardo foi preso e autuado em flagrante, suspeito de liderar um esquema de comercialização ilegal de remédios controlados, que teriam sido obtidos por meio de roubos de cargas em estradas ou contrabando do Paraguai e renderiam R$ 6 milhões anuais, com sua venda e sonegação fiscal. A Polícia Civil prendeu também uma mulher identificada como Valéria Rodrigues Gonçalves e ouviu em cartório Sandra Maria Eufrásio. Elas são gerentes de duas farmácias que foram lacradas pela Secretaria de Estado da Fazenda. Também foi fechado um depósito clandestino, no Barreiro, da firma de fachada ARN Comércio Ltda, onde foram apreendidas 1.150 caixas de remédios de tarja preta, na maioria ansiolíticos e psicotrópicos .O auditor fiscal da Receita Estadual Ricardo Alves de Souza afirmou que o médico, as duas mulheres e, possivelmente, outros suspeitos mantinham o depósito clandestino na Rua Visconde de Ibituruna, 211, nas salas 305 e 306, onde estava armazenada a mercadoria sem procedência comprovada. Segundo ele, o medicamento pode ter sido obtido em roubos de cargas em rodovias estaduais e federais de Minas Gerais. A origem desses remédios ainda não foi confirmada pela polícia, mas o delegado Antônio Carlos Faria não descarta a possibilidade de que tenham sido contrabandeados do Paraguai e que parte possa ser falsificada.A mercadoria será objeto de exames especiais, e o psiquiatra Bruno Moura Ricardo e as gerentes Sandra Maria Eufrá´sio e Valéria Rodrigues Gonçalves estão respondendo por sonegação de impostos, na área fiscal, e por formação de quadrilha e contrabando, na área policial. Se forem condenados, em julgamentos, poderão ser condenados a mais de 12 anos de prisão.A polícia fechou a Call Farma, na Rua Visconde de Ibituruna, e a Dell Fharma, na Rua Monteiro Lobato, 286, no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha. No depósito, havia um pequeno esconderijo, que seria o refúgio utilizado pelo médico para se esconder e não ser visto. As duas farmácias teriam sido abertas com nomes de fachada, conhecidos como “laranjas”.Informações divulgadas pela Delegacia Especializada de Investigações de Fraudes indicar que os envolvidos no caso estocavam os remédios no depósito clandestino do Barreiro, de onde era feito o abastecimento das duas farmácias. A polícia suspeita que outros estabelecimentos similares estariam sendo abastecidos com esses remédios. Notas fiscais confeccionadas a pedido dos implicados eram usadas em muitas transações que pareciam legais. Segundo a polícia, a comercialização dos medicamentos ilegais renderia cerca de R$ 3 milhões por ano para os suspeitos, além de aproximadamente R$ 3 milhões com a sonegação de impostos estaduais e outras obrigações que deixaram de pagar, desde que começaram a atuar. O médico responde a processos na área cível e está recolhido em local que a polícia não confirmou. O Sindicato dos Médicos de Minas Gerais informou que o registro do psiquiatra na entidade é legal. A polícia não descarta a possibilidade haver mais envolvidos

Bovespa registra alta hoje



O dólar comercial opera com valorização na abertura dos negócios hoje. Mesmo depois de uma intervenção do Banco Central (BC), a taxa de câmbio no Brasil mostrava leve alta de 0,21%, com a moeda negociada a R$ 2,328, por volta das 14h. Como o dólar chegou a subir mais de 1% nesta quarta-feira, depois de duas quedas seguidas, o Banco Central (BC) voltou ao mercado e vendeu parcialmente os contratos de swap cambial oferecidos em leilão. Na transação realizada das 12h45 às 13h, a autoridade monetária vendeu US$ 257,9 milhões em contratos com ajuste periódico. O mercado aceitou 5.190 contratos do lote que somava 6 mil ativos, com vencimento em 2 de fevereiro de 2009. Com essa operação, o BC tem como objetivo fornecer "hedge" (proteção) às empresas - pagando a variação do dólar e recebendo juros

Para Lula, países do Bric podem sair fortalecidos da crise


presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou hoje, após encontro como presidente russo, Dmitry Medvedev (foto), que Brasil, Rússia, Índia e China, países que formam o chamado Bric, podem sair fortalecidos da crise global. "Esta crise, que nasceu no seio dos países ricos, é uma oportunidade para os países em desenvolvimento, que são responsáveis por 75% do atual crescimento mundial. Não deixem permitir que a crise prejudique nosso crescimento econômico, geração de empregos e distribuição de renda", disse Lula após assinatura de memorandos de entendimento e de cooperação técnica com a Rússia. "Por isso, Rússia e Brasil junto com outros países, sobretudo China e Índia, temos condições de tirarmos desta crise não lágrimas, mas oportunidades de fazer com que as nossas parcerias sejam mais fortes." Os dois presidentes reforçaram que a parceria entre Brasil e Rússia precisa deixar de ser exclusivamente de commodities e passar a incluir produtos com maior valor agregado. "Desde 2003, as relações bilaterais mais que triplicaram. Em setembro, superamos US$ 6 bilhões, mas nossos fluxos comerciais podem e devem crescer mais. Queremos expansão em tecnologia, indústria e petróleo", afirmou Lula. Medvedev falou em elevar o comércio bilateral de US$ 6 bilhões para US$ 10 bilhões, mas sem fixar prazo. Lula disse que existe um "elo inquebrantável" entre os dois países e afirmou que ambos são contra o protecionismo comercial. "Precisamos reativar a economia real e evitar tentações protecionistas. Por isso, trabalhamos pela conclusão da Rodada de Doha", disse Lula, destacando que a adesão da Rússia à Organização Mundial de Comércio vai tornar a instituição mais representativa. Lula defendeu mais uma vez a reformulação da ONU e agradeceu à Rússia o apoio ao pleito do Brasil por um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas. "Nossos países concordam com a necessidade urgente de reforma das Nações Unidas. Ampliar o seu Conselho de Segurança é indispensável para garantir a representatividade e eficácia", disse Lula.

Chuva mata pelo menos 85 e deixa mais de 22 mil desabrigados em SC

FLORIANÓPOLIS - Subiu para 85 o número de mortes provocadas pelos temporais em Santa Catarina. De acordo com a Defesa Civil do estado, 22.952 pessoas estão desabrigadas e outras 31.087, desalojadas. O total de catarinenses atingidos pelos problemas causados pelas chuvas fortes que atingem o estado chega a 1,5 milhão. Ontem ocorreram casos de saques em supermercados de Itajaí, no Nordeste do Estado.De acordo com a Defesa Civil, os óbitos foram registrados em Brusque (1); Gaspar (13); Blumenau (20); Jaraguá do Sul (12); Pomerode (1); Bom Jardim da Serra (1); Luiz Alves (4); Rancho Queimado (2); Ilhota (15); Benedito Novo (2); Rodeio (4); Itajaí (2); São Pedro de Alcântara (1) e Florianópolis (1).Oito municípios permanecem isolados: São Bonifácio; Luiz Alves; São João Batista; Rio dos Cedros; Garuva; Pomerode; Itapoá e Benedito Novo. Cinco cidades catarinenses decretaram estado de calamidade pública: Gaspar; Rio dos Cedros; Nova Trento; Camboriú e Benedito Novo. Em outras sete, foi declarada situação de emergência: Balneário de Piçarras; Canelinha; Indaial; Penha; Paulo Lopes; Presidente Getúlio e Rancho Queimado.Deslizamento atrapalha reparo Um deslizamento de terra no começo da manhã de ontem atrapalhou os trabalhos de reparo na rede elétrica em Blumenau. Ninguém ficou ferido. Segundo as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), cerca de 137 mil residências permaneciam sem luz. De acordo com a Celesc, os constantes deslizamentos impedem os trabalhos para restabelecer a energia e dificultam o início dos consertos em várias áreas atingidas. Na região de Blumenau, em virtude dos problemas localizados no Bairro Fortaleza, houve aumento de 4% no desabastecimento, com mais de 51 mil pontos sem energia elétrica. Os bairros mais atingidos são Fortaleza e Progresso. Em Joinville, 26% do sistema foi recuperado e, em Itajaí, a recuperação chegou a 8%. Na região de São Bento do Sul, houve deslizamento próximo à subestação Volta Grande. O município de Rio Negrinho está com 1 034 unidades consumidoras sem eletricidade. Em Itajaí, ao todo, são 28.105 unidades consumidoras sem energia elétrica. Em Itapoá a energia foi quase totalmente recuperada, e apenas 4,4% das pessoas permanecem sem luz. Joinville e São Francisco do Sul têm, juntas, 2.443 unidades sem luz. Na região da Grande Florianópolis, o município de Águas Mornas ainda está com 1.579 unidades sem eletricidade. Em Nova Trento, São João Batista, Santo Amaro e Major Gercino o fornecimento de energia foi quase totalmente recuperado.Volume de chuvas deverá cairO Estado de Santa Catarina deve ter chuva até pelo menos amanhã, segundo previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Entretanto, o volume deverá ser menor do que os 23 milímetros de média registrados ao longo dos últimos 25 dias. A chuva que atinge o Estado e provoca destruições e mortes é recorde histórico para o mês de novembro desde que o Inmet começou a fazer medições em Florianópolis, em 1961. Segundo o meteorologista Flávio Varone, do Inmet, dados preliminares coletados pela estação automática - que funciona ao lado da estação convencional - apontam que o acumulado de chuva registrado em Florianópolis no mês de novembro de 2008 é de 564,6 milímetros (cada milímetro equivale a um litro de água por um metro quadrado), quase três vezes mais que a média histórica para o mês, de 140 milímetros. Entre as 9 horas de anteontem e 9 horas de ontem, choveu 18,8 milímetros. O volume e intensidade das chuvas estão enfraquecidos em relação a outros dias, segundo Varone, e a tendência é a redução do índice ao longo dos próximos dias. ”A intensidade das chuvas reduziu. Teremos a partir de hoje (ontem)períodos que vão intercalar melhoria com chuva, mas não teremos mais a chuva persistente, que em alguns dias chegou a 24 horas do dia’’, afirmou. Ontem a temperatura máxima prevista para o Estado é de 31ºC, que deverá ser registrado na faixa Oeste. O Inmet informou que o céu permanecerá nublado na maior parte do Estado de SC e devem ocorrer pancadas de chuva na região leste, a mais atingida pelas chuvas. Novo deslizamento de terra A concessionária Autopista Litoral Sul, que administra a BR-376 no lado paranaense e a BR-101, continuação no território de Santa Catarina, informou, no fim da tarde de ontem, que não há mais prazo para a entrega de dois trechos avariados pelas chuvas na divisa dos Estados. O quilômetro 684 da BR-376 tinha o retorno do tráfego previsto para hoje, mas um novo deslizamento de terra ocorrido no início da manhã impediu. “Agora depende de melhora das condições de tempo”, disse a assessoria da empresa.A Autopista Litoral Sul mantém uma equipe com 150 pessoas tanto nesse local quanto no quilômetro 13 da BR-101, onde houve afundamento de pista. O desvio para quem precisa trafegar entre os dois Estados é feito pela BR-116, BR-280 e SC-301. No entanto, a concessionária alertou que, por ser o único acesso, a rodovia tem apresentado um fluxo de veículos bastante acima do normal, causando congestionamento em alguns locais, principalmente no trecho paranaense entre Curitiba e Mandirituba. Chuvas deixam 18 estradas fechadasAs chuvas que atingem Santa Catarina desde sexta-feira provocaram queda de barreiras e alagamentos em 18 das principais rodovias do Estado e todas permanecem interditadas. São três federais (BRs 470, 282 e 101) e outras 15 estaduais. Devido ao risco de deslizamentos e alagamentos, a recomendação das polícias rodoviárias Estadual e Federal é para que os motoristas evitem viajar, sob risco de acidentes ou ficar parado em congestionamentos. A Defesa Civil pede ainda que os motoristas evitem o tráfego em pontes até que o nível das águas baixe. O órgão ainda não teve condições de avaliar cada uma das estruturas. Outra dica é evitar viagens longas pelas estradas federais e estaduais pois muitas ficaram danificadas pelas chuvas. Na BR-101, próximo a Garuva, a pista está completamente interditada no km 13 porque a pista cedeu em um dos sentidos e houve queda de barreira no outro. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, outro trecho da rodovia, na região do Morro dos Cavalos, na cidade de Palhoça, está interditado devido à queda de barreira

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Sargento mata cabo, e polícia alega que crime foi acidental

- O cabo da Polícia Militar Gilmar Fonseca Rodrigues, 38 anos, foi morto com um tiro no peito, disparado pelo sargento José Alfredo Gregório, no interior do posto policial do Bairro Bandeirantes, na Região Nordeste de Juiz de Fora. Os disparos, segundo o comando do 2º Batalhão da PM, teriam sido acidentais e aconteceram durante uma instrução, no momento em que os policiais começavam seu turno de trabalho, por volta das 19 horas da última terça-feira, e faziam a verificação de rotina do armamento. O corpo do cabo foi sepultado ontem, no Cemitério Municipal.O cabo Adalberto Saraiva de Mello, 41 anos, também foi atingido por tiros na cabeça. Internado no Hospital Albert Sabin, onde deu entrada às 19h56, ele foi submetido a uma cirurgia para retirada de projétil e está no CTI, em observação. Seu estado é grave: respira por ventilação mecânica e a pressão está sendo mantida com medicamentos.O sargento José Gregório foi internado no mesmo hospital - estaria em estado de choque - e recebe acompanhamento de psicólogos da Polícia Militar. Não há previsão sobre quando terá condições de retornar ao trabalho. Segundo boletim médico, ele deu entrada na unidade por volta das 23 horas, com estresse pós-traumático, e continua internado em observação. Está sob cuidados do setor de psiquiatria do hospital e, devido à agitação, precisou ser sedado. As visitas ao policial foram suspensas.De acordo com a assessora de comunicação do 2º Batalhão, capitã Kátia Moraes, essa foi a primeira vez que um acidente desse tipo foi registrado em uma unidade militar em Juiz de Fora. Os três envolvidos estão na corporação há mais de dez anos e, além de atuarem muito tempo juntos, também seriam amigos. «A situação, em toda a Região Militar, é de muita tristeza», afirmou. O cabo Gilmar Rodrigues era casado e deixou dois filhos, de três meses e de 4 anos.Como o suposto acidente aconteceu dentro de uma unidade militar, as investigações serão feitas pela PM. Foi instaurado Inquérito Policial Militar para apontar as circunstâncias dos disparos. Segundo Kátia Moraes, não há dúvida que os disparos foram acidentais, mas é preciso saber o que provocou os disparos, que teriam acontecido por volta das 19h30, pouco depois de os PMs terem assumido o serviço na unidade. O local foi isolado para o trabalho da perícia, que poderá apontar se a arma, uma submetralhadora 9 milímetros, apresentou algum defeito. O prazo para conclusão do inquérito é de 40 dias, prorrogáveis por mais 20.Na manhã de ontem, o posto policial, sede da 31ª Cia da PM, foi reaberto. No momento dos disparos, um comerciário esperava para registrar um boletim de ocorrências. Ele contou que se assustou com o barulho dos tiros, ficando escondido atrás do balcão de atendimento. Os vidros de uma janela da recepção foram quebrados e há marcas de tiros na parede e porta dessa sala.O batalhão também presta assistência às famílias das vítimas. «Estão todos abalados», disse Kátia Moraes. Cerca de 800 pessoas acompanharam o enterro do cabo Gilmar Rodrigues, que aconteceu sob honras militares.

Sargento mata cabo, e polícia alega que crime foi acidental

- O cabo da Polícia Militar Gilmar Fonseca Rodrigues, 38 anos, foi morto com um tiro no peito, disparado pelo sargento José Alfredo Gregório, no interior do posto policial do Bairro Bandeirantes, na Região Nordeste de Juiz de Fora. Os disparos, segundo o comando do 2º Batalhão da PM, teriam sido acidentais e aconteceram durante uma instrução, no momento em que os policiais começavam seu turno de trabalho, por volta das 19 horas da última terça-feira, e faziam a verificação de rotina do armamento. O corpo do cabo foi sepultado ontem, no Cemitério Municipal.O cabo Adalberto Saraiva de Mello, 41 anos, também foi atingido por tiros na cabeça. Internado no Hospital Albert Sabin, onde deu entrada às 19h56, ele foi submetido a uma cirurgia para retirada de projétil e está no CTI, em observação. Seu estado é grave: respira por ventilação mecânica e a pressão está sendo mantida com medicamentos.O sargento José Gregório foi internado no mesmo hospital - estaria em estado de choque - e recebe acompanhamento de psicólogos da Polícia Militar. Não há previsão sobre quando terá condições de retornar ao trabalho. Segundo boletim médico, ele deu entrada na unidade por volta das 23 horas, com estresse pós-traumático, e continua internado em observação. Está sob cuidados do setor de psiquiatria do hospital e, devido à agitação, precisou ser sedado. As visitas ao policial foram suspensas.De acordo com a assessora de comunicação do 2º Batalhão, capitã Kátia Moraes, essa foi a primeira vez que um acidente desse tipo foi registrado em uma unidade militar em Juiz de Fora. Os três envolvidos estão na corporação há mais de dez anos e, além de atuarem muito tempo juntos, também seriam amigos. «A situação, em toda a Região Militar, é de muita tristeza», afirmou. O cabo Gilmar Rodrigues era casado e deixou dois filhos, de três meses e de 4 anos.Como o suposto acidente aconteceu dentro de uma unidade militar, as investigações serão feitas pela PM. Foi instaurado Inquérito Policial Militar para apontar as circunstâncias dos disparos. Segundo Kátia Moraes, não há dúvida que os disparos foram acidentais, mas é preciso saber o que provocou os disparos, que teriam acontecido por volta das 19h30, pouco depois de os PMs terem assumido o serviço na unidade. O local foi isolado para o trabalho da perícia, que poderá apontar se a arma, uma submetralhadora 9 milímetros, apresentou algum defeito. O prazo para conclusão do inquérito é de 40 dias, prorrogáveis por mais 20.Na manhã de ontem, o posto policial, sede da 31ª Cia da PM, foi reaberto. No momento dos disparos, um comerciário esperava para registrar um boletim de ocorrências. Ele contou que se assustou com o barulho dos tiros, ficando escondido atrás do balcão de atendimento. Os vidros de uma janela da recepção foram quebrados e há marcas de tiros na parede e porta dessa sala.O batalhão também presta assistência às famílias das vítimas. «Estão todos abalados», disse Kátia Moraes. Cerca de 800 pessoas acompanharam o enterro do cabo Gilmar Rodrigues, que aconteceu sob honras militares.

Jovem de 16 anos esfaqueia a mãe, que estava contra namorado drogado

Repórter:
Hélvert Moreira.
Record Minas

- Uma adolescente de 16 anos deu pelo menos quinze facadas na mãe, V.M.M., 34 anos, ontem à tarde, em Divinópolis, no Centro-Oeste. Ela ainda atirou na mulher, mas errou o disparo. O Corpo de Bombeiros e a polícia foram chamados e encontraram a mãe da garota ainda consciente, mas já caída sobre uma grande poça de sangue. Ela foi socorrida por uma unidade de resgate e encaminhada ao Hospital de Pronto-Socorro Regional. Posteriormente, foi transferida para o Hospital São João de Deus, para a realização de uma cirurgia. Os golpes atingiram V.M.M. principalmente na cabeça e no tórax. Até o fechamento desta edição, ela permanecia internada no CTI, em estado gravíssimo.A adolescente também está internada, sob escolta policial, no Pronto Socorro Regional. Ela apresentava cortes nos braços. Segundo a polícia, resultado da luta corporal com a mãe. O estado de saúde dela era estável. «Não estou sabendo o que aconteceu. Estava no mato pescando, e soube de tudo agora. Não sei o que pode ter acontecido», lamentou o pai da jovem, enquanto era amparado por familiares na entrada do pronto-socorro.A tragédia ocorrida na família de classe média baixa teria começado a se desenrolar há cerca de dois meses, quando, segundo relatos de vizinhos e amigos da garota, ela teria começado a namorar com um rapaz identificado apenas como «Jacaré». Ele seria usuário de drogas, e, por isso, o pai e a mãe da acusada desaprovavam o namoro. «Ela era uma menina boa, mas uma vez disse que ia matar a mãe por causa desse namoro. Mas ela é tranqüila, estudiosa e costumava ajudar a mãe nos ofícios da casa. É uma tristeza muito grande ver uma coisa desse tipo acontecer na minha família», disse a avó, a pensionista T.P., 77 anos.Na tarde de ontem, M. teria chamado a amiga, a também adolescente R., para ajudá-la na execução. De acordo com o relato de um vizinho, R. teria ficado no quarto com as duas irmãs de M., de 6 e 5 anos, enquanto ela tentava matar a mãe. Na delegacia, a reportagem conversou com R., cujo pai é o proprietário da arma e da munição, calibre 38, apreendidas na casa de M. A adolescente disse que a amiga lhe pediu a arma para dar um susto na mãe, e negou que tivesse emprestado para que a amiga pudesse matá-la. «Não sabia que ela ia fazer isso».O caso será investigado pela Polícia Civil, que, juntamente com o Juizado da Infância e da Juventude de Divinópolis, decidirão o destino da adolescente, que pode ser encaminhada para o Centro Socioeducativo do município ou para o Presídio Floramar, onde poderá permanecer em uma cela especial.

domingo, 21 de setembro de 2008

O pior sertão dos últimos 30 anos é revelado em reportagem especial

NORTE DE MINAS E VALE DO JEQUITINHONHA - A seca que assola o Norte de Minas levou tudo o que dona Maria Ferreira Neves, 71 anos, tinha na vida. Por causa dela e das agruras pelas quais passou com os nove filhos e o marido, a senhora baixinha e de andar arrastado terminou abandonada e doente, numa casa pequena e isolada, de adobe e paus, em Catuti. «É triste demais a nossa sina», repete sempre, com os olhos vermelhos e encharcados. Sem ninguém na vida, e agora que a saúde também a abandonou, a senhora melancólica não consegue mais enfrentar a estiagem e plantar seus mantimentos. A renda da aposentadoria, R$ 400, mal dava para os medicamentos e agora tem de ser usada para comprar alimentos.Cansados de trabalhar a terra em vão, já que a plantação não vinga e o gado, sem pastos, emagrece e morre, os sertanejos intensificaram o êxodo rural. Deixaram para trás povoados fantasmas e ruínas invadidas pelo mato ressequido ou habitados por idosos renitentes. Quem resiste praticamente depende da água dos caminhões-pipa para beber. Mas há quem ainda precisa caminhar horas sob o sol escaldante e o solo rachado para matar sua sede. Como a família de Maria Antunes da Silva, 47 anos, que vive na comunidade do Baixão, em Monte Azul, extremo norte do Estado. As histórias destas duas mulheres são a expressão do sofrimento daquela gente, que têm sua situação apenas amenizada pelas políticas emergenciais. A situação delas é o avesso do que vivem famílias na Região Metropolitana de Belo Horizonte, às voltas com as estragos das chuvas dos últimos dias.Das vilas pobres, povoados afastados e dispersos do Vale do Jequitinhonha, à sequidão semi-árida do Norte de Minas, a reportagem do HOJE EM DIA percorreu 19 municípios destas regiões para mostrar os dramas e estragos da seca deste ano, a pior em 30 anos. As cidades estão entre as 99 que decretaram situação de emergência por causa da estiagem, à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). Desde o dia 27 de abril não cai uma só gota de chuva em toda a Região Norte. Há localidades onde isso não ocorre desde março. As informações são do 5º Distrito de Meteorologia. No Jequitinhonha, houve precipitação em algumas áreas, em junho, mas a miséria do Vale prejudica as famílias que vivem afastadas, em rincões de difícil acesso onde os rios se tornaram caminhos de pó e pedras.Entre junho, julho e agosto, a média pluviométrica dos últimos 30 anos é 15,8 milímetros em Espinosa, no Norte de Minas, fronteira com a Bahia. O índice deste ano é zero. O mesmo foi registrado pelos meteorologistas do centro de Januária, que não apresentou precipitação, apesar de a razão histórica ser de 11,6 milímetros. Para se ter idéia do que isso significa, uma chuva considerada minimamente expressiva pelo distrito, deve alcançar 5 milímetros, pois só assim é capaz de durar acima de 30 minutos e ainda causar pequenas alterações ao clima. O calor e o ar seco também castigam. Em Mocambinho, entre o Rio São Francisco e os intrincados canais de irrigação do Projeto Jaíba, a umidade ficou abaixo de 20%.As paisagens são parecidas. Nos centros urbanos, ao lado dos trios elétricos e dos comícios eleitoreiros, caminhões-pipa se movimentam pelas ruas na direção da zona rural. Em Monte Azul, cidade de 23 mil habitantes, os nove veículos-tanque do Exército, que são orientados pela prefeitura, chegam a percorrer, cada um deles, até 90 quilômetros diários, no esforço de atender à população. A distância compreende a captação, na vizinha Espinosa, a 30 quilômetros, e a distribuição pela zona rural. Cada membro de uma família recebe apenas 20 litros de água.Ainda assim, há quem fique sem o fornecimento de água potável, tendo de cobrir longas distâncias a pé para conseguir o que beber. Latão de ordenha com capacidade para 10 litros na cabeça, Maria Antunes da Silva faz até cinco viagens diárias, de uma hora cada, para conseguir levar água fresca para sua casa. É assim que os moradores do povoado de Baixão, um agreste a 22 quilômetros de Monte Azul, de acesso tão difícil que nem caminhão-pipa consegue chegar, matam sua sede.Atrás dela, seguem os filhos e netos, cada qual com um tipo de recipiente sobre a cabeça. Sobem e descem as estradas de terra e poeira sob o sol forte. Até a menorzinha, de apenas 4 anos, dá sua colaboração e carrega sobre a cabeça uma garrafa pet 2 litros. «A gente começa cedo porque o calor é menos forte. Fora essa, a água que temos mais próxima é a de um poço artesiano. Só que é muito salobra e não dá para gente beber‘, afirma a sertaneja, que vive em sua casa com o esposo e dois filhos, mas tem sua casa rodeada pelas dos outros filhos e netos.A repetitiva caminhada diária pela sobrevivência leva a família até uma fazenda que fica a 3 quilômetros dali. A dona da propriedade deixa que os habitantes do Baixão se abasteçam numa torneira que ligou a uma bica que mina água da serra. «É de favor, mas é o que nós conseguimos. Porque se dependesse dos caminhões-pipa, não sei como é que nós íamos fazer», desabafa.

Casas abandonadas e rios secos.

Casas abandonadas já são comuns nas áridas zonas rurais do Norte de Minas. No caminho de poeira, arranha-gatos e Cerrado seco para a comunidade de Gato, a 20 quilômetros do Centro de Monte Azul, elas se estendem por espigões de mato amarelo e pastagens quebradiças. São casas simples, de janelas dependuradas, telhados desabados, invadidas pela vegetação rasteira, insetos e lagartos cinzentos. Os fornos de barro do lado de fora se tornaram morada de morcegos e pássaros. O silêncio absoluto só é quebrado pelo vento que sopra o calor e o canto aflito das siriemas. «Essa gente aí que se foi não volta mais nunca», sentencia o assistente de gabinete daquela prefeitura, Paulo Custódio Neto, acostumado a ver grandes emigrações para São Paulo, Montes Claros e Belo Horizonte.Em volta das casas desoladas, os dejetos das vacas mostram que as construções são sombras apreciadas pela criação, que pasta um mato quebradiço e lenhoso. Cochos vazios e desolados ficam escondidos pelo mato típico do Cerrado e os cactos que conseguem passar sem água. Há três meses, um lago com 5 metros de profundidade, e um córrego que o abastecia, secaram completamente. «Era um dos principais pontos para o gado pastar e beber água. Agora, os fazendeiros têm de levar as criações para pastos distantes», afirma Paulo. O fundo da lagoa é marcado pelas pegadas ressecadas do gado, que buscou beber ali até a última gota barrenta. No leito de pedra, terra e pó, só teias de aranha proliferam.O gado da região está magro. Rebanhos inteiros mastigam com insistência braquiara da textura de gravetos, que quebra só de caminhar por cima. Estufando o seu couro, os ossos das costelas e ancas das reses já estão aparentes. Segundo a Emater, a cidade onde mais cabeças de gado morreram em Minas foi Mirabela, que perdeu 1.800 cabeças. Não há ainda um relatório com todas as perdas deste ano ou do último.A solução para muitos é tocar o rebanho fraco e debilitado por quilômetros adiante, até pastagens alugadas. Como não dispõem de dinheiro, o bem cobrado aos criadores é parte da própria boiada. «É uma matemática perversa. O dono dos bois fica sem pasto por causa da seca e dá dois deles para pastar por um mês. Se não chover, dá mais dois, até perder tanto, que é preferível se desfazer de tudo», conta Paulo Custódio, da Prefeitura de Monte Azul.Como o esposo e os dois filhos trabalham nas roças de outros estados, restou a Maria Antunes da Silva, 47 anos, pastorar a boiada por mais de 2 quilômetros, até um campo de braquiara alugada. Com um pano enrolado sobre a cabeça e o rosto, para se proteger do sol forte e da poeira, a mulher diariamente toca o gado da família com um pau na mão. «A seca está tão brava, que quando chamo os bois para pastar e beber água, depois do almoço, eles vêm sozinhos para a porteira, antes mesmo de eu abrir», conta.

Êxodo e decepção no Pé do Morro, em Catuti

Um a um, o marido e os nove filhos da dona Maria Ferreira Neves, 71 anos, deixaram Catuti, no Norte de Minas, em busca de emprego e recursos para não depender sempre daquilo que produziam na terra com custo, já que a seca levava quase tudo. Ela terminou sozinha, na casa de adobe e reboco azul, no fundo do vale do povoado de Pé do Morro, a 18 quilômetros de Catuti. Ela esperava que algum deles ainda estivesse por lá. Mas nem mesmo o marido suportou a seca. Saíram em busca de melhores condições, mas terminaram com uma história mais triste do que a outra.«Meu marido me deixou há 20 anos. Foi para Sete Lagoas trabalhar e nunca mais voltou. Arranjou família nova, mas morreu da doença de Chagas que pegou aqui na roça», lembra. Dois outros filhos dela se mudaram para Campinas (SP) e vivem em vilas pobres. Não têm recursos para regressar ao Norte de Minas e visitar sua velha mãe doente. Um outro também desenvolveu Chagas e precisa usar marca-passo. «Tem um outro, meu mais novo, que também saiu daqui para arranjar um jeito na vida. Ia trabalhar braçal, de pedreiro ou outra coisa. Só que entrou foi numa cachaça braba e adoeceu. Esse se perdeu na vida», desabafa.O caminhão-pipa que enche sua cisterna e os R$ 400 da aposentadoria são o que lhe permite tocar a vida, sozinha na pequena casa. «Até há uns 2 anos, ainda plantava umas ruas de feijão, milho, mandioca. Lutava contra a seca para não deixar perder tudo», recorda. Porém, daquele tempo para cá, a saúde da senhora a abandonou e a fome começou a ser um drama real. «Não consigo mais plantar nada. O que ganho de aposentadoria mal dá para comprar os remédios para pressão, inchação e tonturas», lamenta a solitária senhora, que nada responde quando indagada sobre seu futuro. «Todo mundo foi embora e eu fiquei. Ninguém me ajuda. Nessa vida, sobrou eu e Deus», conforma-se.As famílias remanescentes sabem que suas tarefas são duras, mas contam com a união. Melhor para a dona Maria Fernandes Ribeiro de Araújo, 56 anos, que vive na lida do Cerrado com apoio do marido e de um dos filhos, Adão Alves de Araújo, 30 anos. Também moradores de Catuti, eles bebem da água que lhes é servida por um caminhão-pipa. Os cochos do gado usam o líquido calcário que é extraído com um velho balde, do fundo de um poço artesiano. «Depois, a gente leva ela na cabeça para dar aos porcos, galinhas, pavões. Foi muita luta até chegarmos nisso. O gado morria de sede. Era uma tristeza. Mas, hoje, a vida está um pouco melhor», compara. Do lado oriental das cadeias rochosas da Serra do Espinhaço, o Vale do Jequitinhonha também sofre com a estiagem. Longas extensões de zonas rurais estão secas, principalmente em Berilo, Minas Novas, Araçuaí e Francisco Badaró. Técnicos da Emater nas localidades informam que o plantio de setembro está sendo adiado até novembro ou dezembro. Nestas cidades, o abastecimento por caminhões-pipa, na zona rural, segue ininterrupto, desde 2007.Mais de 30 rios e córregos importantes, entre Carbonita e Araçuaí, estão completamente vazios, com os leitos pedregosos expostos. Fartos dos prejuízos com o gado que morreu de sede, em 2007, fazendeiros desfazem de suas terras. Na propriedade em que trabalha, há 14 anos, em Carbonita, Maria de Lourdes Cruz de Oliveira, 53 anos, conta que morreram tantas cabeças, que o dono vendeu toda criação, de cerca de 300 animais. Agora, ele pôs a venda toda fazenda. Dos bois, só restaram pêlos no arame farpado próximo a uma barragem ressecada.A estiagem ainda propaga incêndios na região. Debaixo de uma coluna de fumaça negra que despejava fuligem sobre sua casa, em Rubelita, também no Jequitinhonha, o senhor Nelson de Oliveira Santos, 49 anos, pai de nove filhos pequenos, observava o Cerrado arder, impotente. «Não dá mais para eu trabalhar de bóia-fria no Sul. Já estou cansado. O córrego que passava atrás da minha casa cortou (secou) há muitos meses e as plantações aqui não renderam nem um prato de milho. Não fosse a água dos caminhões-pipa, já tinha ido embora. Agora, vem este fogo ai para cima da gente», desabafou

Não deixem o samba morrer

Silvana Miranda
Repórter

Sambistas, carnavalescos e artistas de Belo Horizonte apostam na importância histórica e social do Carnaval para tentar trazer de volta o glamour dos desfiles dos anos 70 e 80. Na capital mineira, a Festa de Momo está em crise, que teve como expoente o despejo de uma tradicional escola, a Cidade Jardim, de sua sede, no mês passado, pela prefeitura. Sem ter onde ensaiar, produzir e montar seus adereços, a escola pode ficar de fora do desfile de 2008, pela primeira vez em seus 47 anos de história.«O Carnaval tem um benefício social importante para as comunidades carentes. Tem o poder de elevar a auto-estima da lavadeira que, por um dia, torna-se destaque na ala das baianas, ou do pedreiro, que apresenta-se na responsabilidade de um mestre-sala e está sendo visto por milhares de pessoas», defende o artista plástico Décio Novielo, que atua como carnavalesco da Cidade Jardim, desde 1973.Assim como suas concorrentes, o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Cidade Jardim quer poder reviver na avenida seus anos de glória, iniciados dois anos após sua criação, com o primeiro campeonato de 63, que seguiu-se de outros dez consecutivos, ainda um recorde nacional. Quer também ver o Carnaval de BH retornar aos anos dourados da década de 80. Época em que arquibancadas e camarotes ficavam lotados na Avenida Afonso Pena, com ingressos esgotados um mês antes, e o público presenciava a disputa entre a Cidade Jardim, Inconfidência Mineira, Unidos Guarani e a recém-criada Canto da Alvorada, que revezaram-se no primeiro lugar ao longo dos anos.No samba-enredo e na passarela, os integrantes de cada escola, muitas com sambistas e passistas do Rio de Janeiro como convidados, davam de tudo para fazer o melhor desfile e também ganhar os destaques individuais, reconhecidos pelos prêmios Tamborim de Ouro e Cidadão-Samba. Era uma época em que os desfiles das escolas de samba de Belo Horizonte apareciam em destaque por várias páginas das revistas e transmissão ao vivo pela TV, com direito a muitos minutos nos telejornais nacionais, tamanha a beleza e grandiosidade da festa, que elevou Belo Horizonte ao segundo posto no país, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro.Tempos também de ousadia, quando a passista Tati, da Cidade Jardim, uma singela professora de piano, foi a primeira a aparecer com os seios à mostra, o que ainda era pouco comum até no Rio de Janeiro. E em que personalidades do samba, como Nego, irmão de Neguinho da Beija-Flor vinha à BH para ‘puxar‘ samba da Cidade Jardim, que já teve como destaque a passista Pinah, também da Beija-Flor, aquela de cabelos raspados que deslumbrou o príncipe Charles, em 86.Alexandre Silva Costa, o Li, 38 anos, presidente da Cidade Jardim, relembra que, na década de 80, quando cada escola brigava nas mesmas condições pelo título, eram comuns as visitas escondidas às quadras rivais, em busca de informações sobre o que seria preparado para o próximo Carnaval. Ele conta que a Cidade Jardim tinha a estratégia de montar seus carros alegóricos num galpão no Bairro Santa Terezinha, na Região da Pampulha, bem longe dos olhares rivais. «Aqui, no Santa Maria, ficavam apenas as pequenas alegorias, o que confundiu muita gente», disse ele.Um ponto principal da escola que não havia como esconder, por motivos óbvios, era a bateria. «De longe escutávamos o repique da bateria da Inconfidência Mineira, a que considero a nota 10 do Carnaval de BH, lá no Bairro Concórdia. As quadras ficavam cheias para acompanhar os ensaios das baterias. Era uma forma também de conseguir mais verba para os desfiles», conta o presidente da Cidade Jardim. Havia também os bailes, muitas vezes em gafieiras, para angariar mais recursos. Mas as escolas de samba de Belo Horizonte não ensaiam mais suas baterias como há três anos, por causa da Lei do Silêncio.Alexandre lembra do «Livro de Ouro», que era usado por todas as escolas para registrar as doações de empresários, autoridades e políticos. A ajuda também vinha de comerciantes, sobretudo proprietários de hotéis, que tinham a garantia da lotação esgotada, e de comerciantes estabelecidos ao longo da Afonso Pena, que tinha retorno certo de investimentos. «Todo mundo participava. Havia uma interação com o Carnaval, que, não sei porquê, foi perdida aqui em Belo Horizonte».

Falta dinheiro para recuperar festa

E a luta para ter de volta os tempos áureos deve ser longa e difícil, já que, no mês passado, a quadra da Rua Gentios, no Conjunto Santa Maria, Região Oeste da capital, foi desapropriada pela prefeitura para a construção de uma Unidade Municipal de Ensino Infantil (Umei). E ainda, as escolas consideraram insuficiente a verba de R$ 10 mil que receberão do município para o desfile de 2009. «Isso dá para um desfile mediano e não é interessante mais fazer algo assim, quando precisamos é reerguer nosso Carnaval», protesta Alexandre Costa.«Se a escola não sair na avenida, iremos desfilar pela cidade afora. Não podemos ficar sem Carnaval», disse a comerciante Creuza Antônia Barbosa, 50 anos. Passista e mulata da bateria da Cidade Jardim por 37 anos, ela começou na escola com apenas 10 anos, na ala mirim. Sua graciosidade e beleza fizeram-na subir rapidamente como destaque da escola, que guarda recordações inesquecíveis. Creuza se lembra com detalhes do Carnaval de 71, como se tivesse ocorrido em fevereiro passado. «Ganhamos o título depois de desfilar debaixo de uma chuva intensa. Mas a garra da escola era muita. Homenageávamos a tia Helena, da ala das baianas, morta meses antes. Foi inesquecível».O comerciante João Marques de Jesus, o Juca, 53 anos, passista da escola que só não participou do desfile passado, relembra com empolgação o Carnaval de 84, quando a escola apresentou um samba-enredo que caiu no gosto do público. O refrão dizia que o samba da Cidade Jardim tinha a força do He-man, herói dos desenhos animados da TV da época. «O povão sabia toda a letra do samba, por ser bem fácil, e o cantava alto. Aquilo mexeu com a gente, de tão belo que foi aquela participação», disse Juca.A Cidade Jardim levava para a avenida cerca de 1.500 integrantes, sendo 150 componentes da bateria. Alexandre Costa, que na década de 80 era um jovem passista, diz que toda a comunidade participava freneticamente para a preparação do desfile. Costureiras, que formariam a ala das baianas, tiravam os fins de semana para confeccionar as fantasias, e o barracão da escola fervilhava de pessoas para ajudar na confecção das alegorias e adereços. As alas eram engrossadas por pessoas da comunidade e muitas outras vindas de outros bairros, que buscavam o prazer de brincar na rua.

Cães e gatos serão castrados em BH

Silvana Miranda
Repórter

Belo Horizonte terá uma unidade móvel de castração de cães e gatos. O veículo, com capacidade para atender dois animais simultaneamente e realizar 40 cirurgias por dia, foi apresentado ontem pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), durante a abertura da Campanha de Vacinação Anti-Rábica, no Centro de Saúde Jardim Europa, em Venda Nova. A proposta é alcançar locais de difícil acesso aos centros cirúrgicos, como vilas e favelas, além de ser usado para promover mutirões de castração por toda a cidade, conforme informou a gerente do Centro de Controle Zoonoses, Maria do Carmo Araújo. O serviço, que numa clínica veterinária custa em média R$ 200, será oferecido de graça pela SMSA. «Este é um instrumento eficaz no controle da população canina e felina, ajudando a prevenir as crias indesejadas, o abandono e a morte prematura de animais», argumentou. Ainda será feito um cronograma para as cirurgias, mas, inicialmente, elas serão feitas na Regional Noroeste.Ontem, um dos primeiros animais a serem imunizados contra raiva foi Foguinho, um cão da raça pinscher, de dois anos, que, mesmo no colo da proprietária, deu muito trabalho. «No ano passado foi pior, ele estava muito agitado, mas a vacina é necessária para evitar uma doença mais grave», disse a técnica de raio-X, Hosana Patrícia de Oliveira, 32 anos.O objetivo da campanha é atingir 80% da população animal. A estimativa é a de que os 315 mil cães domiciliados em Belo Horizonte sejam vacinados. O último caso de raiva canina foi registrado em 1989, já o de raiva humana, em 1984. Os cães não atendidos no dia da campanha podem ser vacinados durante todo o ano, gratuitamente, no Centro de Controle de Zoonoses, que fica na Rua Edna Quintel, 173, São Bernardo, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. A campanha contou com apresentação teatral dos alunos da Escola Municipal Professor Adalto Lúcio e espetáculo de cães adestrados do Corpo de Bombeiros. O balanço da imunização dos animais está previsto para ser divulgado amanhã pela Secretaria Municipal de Saúde.

Mutirão recolhe 1.200 quilos de lixo da Pampulha

As mãos ainda pequenas, porém ágeis, reúnem o lixo e depois separam de acordo com as regras da coleta seletiva. Em menos de duas horas de trabalho, cerca de 600 voluntários e estudantes de 19 escolas de Belo Horizonte recolheram quase 1.200 quilos de lixo em diversos pontos da orla e da Lagoa da Pampulha, sendo 407,5 quilos de material seco e 700 quilos de produtos molhados. O mutirão foi realizado na manhã de ontem e integra o projeto «Pampulha Limpa», que comemora o «Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias», coordenado pela ONG The Ocean Conservancy, e já garantiu, desde 2003 até o ano passado, a retirada de 5,5 toneladas de lixo na capital. Esta é a primeira vez que o estudante Pedro Henrique Mozany, 13 anos, participa do projeto de limpeza da lagoa. Ele ficou surpreso com a quantidade de lixo jogado por moradores, visitantes ou carregado pela chuva e córregos que deságuam na lagoa. Plástico, vidros quebrados e material de construção estavam entre os materiais encontrados em maior volumes. «Não entendo porque as pessoas fazem isso com a lagoa. Ela é tão bonita e nos faz tão bem», disse.Em outro ponto da orla, um grupo de 16 alunos da Escola Municipal Coronel Joaquim Antônio da Rocha, de Contagem, recolhiam desde tampa de vaso sanitário a pedaços de bonecas. Para a professora Cecília Ribas, a ação voluntária é uma verdadeira aula de cidadania até para alguns estudantes que nem conheciam a Lagoa da Pampulha. «O mais importante não é a quantidade de lixo que se recolhe, mas a lição repassada para as crianças», avalia.A estudante Andrezza Zilli, 12 anos, concorda e se disse surpresa com a poluição. «A gente precisa cuidar porque senão os animais vão morrer e a água vai secar». O que mais impressionou a estudante Jéssica Cristina Ferreira, 11 anos, foi ter encontrado peixes mortos. «Isso é um sinal de que a água está bastante poluída». Segundo o biólogo Leonardo Vianna, a mortandade de peixes é reflexo da falta de oxigenação da água, causado pelo excesso de material orgânico e lixo na Lagoa.Para o biólogo, a esperança é que campanhas como «Pampulha Limpa» mobilizem cada vez mais voluntários e conscientizem a população sobre a importância de sair em defesa da lagoa. «Quem sabe as crianças não saiam conscientes de que cada um tem papel importante na preservação e incentivem os adultos a agirem antes que seja tarde», disse. Em 2007, 18 escolas participaram da atividade, quando foram coletados 920 quilos e cerca de 14 mil itens. Pelo menos 70% do material recolhido eram plástico.

Dia dos Geraes tem projetos com 2 datas

Silvana Miranda
Repórter

MATIAS CARDOSO - Dois projetos de emenda constitucional, com datas diferentes, tramitam na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, criando o Dia dos Geraes, quando a capital do Estado seria transferida para Matias Cardoso, no Norte de Minas, cidade considerada o primeiro povoamento mineiro. A deputada Ana Maria Resende (PSDB) apresentou proposta instituindo o dia 23 de março, e o deputado Paulo Guedes (PT), em 8 de dezembro.O antropólogo João Batista Costa Almeida, do Movimento Catrumano, autor de estudo que comprovaria ser Matias Cardoso a primeira cidade mineira, alega que as duas datas têm sentido histórico e caberá aos deputados decidirem qual será instituída. O dia 23 de março se refere à chegada do bandeirante Matias Cardoso à região, e em 8 de dezembro comemora-se o dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade.Mesmo sem mostrar preferência, ele diz que seria mais fácil aprovar o dia 8 de dezembro, pois várias cidades têm feriado nessa data, já que a padroeira é a mesma. Os historiadores pretendem criar a Comenda Matias Cardoso, que seria entregue a lideranças e personalidades mineiras e brasileiras.O Movimento Catrumano foi criado em 2005, por iniciativa do então secretário de Meio Ambiente de Montes Claros, Paulo Ribeiro, para tentar convencer a Assembléia Legislativa a reconhecer Matias Cardoso como a primeira cidade mineira, com base no argumento histórico de que o povoado se formou em 1669. O objetivo era mudar a Constituição Estadual, para que o Dia de Minas, comemorado em 16 de julho, em Mariana, fosse alternado com a cidade do Norte de Minas.Em audiência na Assembléia, lideranças de Mariana não aceitaram dividir a data e surgiu, então, a proposta de criação do Dia dos Geraes, com duas opções de datas.Matriz é símbolo paradefensor de 8 de dezembroO deputado Paulo Guedes alega que propôs o dia 8 de dezembro tendo como base a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, construída em Matias Cardoso no século XVII. «É um marco histórico e anuncia a conquista dos sertões mineiros», argumenta. Segundo ele, o Dia dos Geraes contribuirá para a revisão histórica da fundação do Estado. Guedes diz que documentos oficiais da administração portuguesa durante o período colonial e registros de viajantes e estudiosos da época confirmariam as origens mineiras ligadas à conquista e ao povoamento do Norte e do Vale do Rio São Francisco, o que remeteria ao reconhecimento tardio de Matias Cardoso como primeiro povoado.«A conquista e ocupação das terras do Vale do São Francisco começaram, segundo a historiografia, com as entradas e bandeiras, que, em Minas, foram inauguradas com a expedição de Espinosa, no meio do século XVI, terminando com a fixação dos currais de gado em Matias Cardoso, no final do século XVII, quando também começa a história da mineração», registra o parlamentar.O projeto da deputada Ana Maria Resende propõe o dia 23 de março, com o objetivo de rever a história de Minas Gerais. Segundo ela, o imaginário, os livros escolares e outras fontes, entre elas a Constituição mineira, informam que o Estado teve origem em Mariana, mas antropólogos e registros históricos apontam que a cidade foi fundada em 1696, e Matias Cardoso, entre 1662 e 1664, cerca de 32 anos antes.«No entanto, quando a sociedade aurífera de nosso Estado começou oficialmente, nas margens do Ribeirão Nossa Senhora do Carmo, em 1696, com a fundação do arraial que veio a ser Mariana, o bandeirante Matias Cardoso de Almeida já se fixara, em 1660, nas margens do Rio Verde Grande e, posteriormente, do Rio São Francisco, em Morrinho, atual Matias Cardoso, em evento fundador da sociedade agropastoril. Talvez, em definição mais clara, tenhamos as Minas, a partir de Mariana, e os Gerais, a partir de Matias Cardoso».O projeto, no entanto, causa polêmica. A chefe do Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Jânia Marques Dias, alega que nunca participou ou se interessou pelo Movimento Catrumano, por considerá-lo como interesse de grupos. No entanto, admite que a criação do Dia dos Geraes em 23 de março seria o reconhecimento da importância da história, pois a chegada de Matias Cardoso é um episódio significativo para a região. Já o presidente do Instituto Histórico de Montes Claros, Wanderlino Arruda, sugere 8 de dezembro pelo aspecto religioso e por ser feriado em várias cidades, «o que ajudaria a consolidar a data».

Mariana apóia projeto e pede reforma de igreja

A criação do Dia dos Geraes tem apoio de entidades culturais de Mariana, que é transformada em «capital mineira» no dia 16 de julho. O presidente licenciado da Academia de Letras e da Fundação Cultural da Arquidiocese de Mariana, Roque Camelo, considera o dia 8 de dezembro ideal, pelo sentido religioso e por ser feriado em várias cidades do Estado.As duas entidades podem participar de uma campanha pela restauração da Matriz de Matias Cardoso, que, segundo Roque Camelo, é prioritária, devido a sua situação precária. Ele entrou em contato com o presidente do Instituto Histórico de Montes Claros, Wanderlino Arruda, na última quarta-feira, propondo uma parceria nesse sentido. «A restauração da igreja deverá custar R$ 3 milhões, que é o valor médio das obras nessa área. É preciso buscar patrocínios, como fizemos em Mariana», afirma Camelo.Segundo ele, recursos podem ser tentados junto à Coteminas, devido à ligação do grupo têxtil com o Norte de Minas, onde surgiu, e à Petrobras, que vai inaugurar, em outubro, uma usina de biodiesel em Montes Claros. Roque Camelo afirma que o interesse do vice-presidente da República, José Alencar, fundador da Coteminas, pela preservação do patrimônio histórico pode ser percebido em Mariana, onde, por intermédio do então Grupo Wembley, ele patrocinou a restauração da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no distrito de Camargo.De acordo com Roque Camelo, a criação do Dia de Minas foi decorrência de uma campanha que começou há 30 anos, com objetivo de corrigir distorções históricas, como o fato de os mineiros darem importância a 21 de abril, data da morte de Tiradentes. «Tiradentes era um mineiro que foi morto no Rio de Janeiro. Não é uma data de Minas. Após estudos, mostrei que Mariana foi legalmente constituída em vila e, depois, em cidade, a única em Minas Gerais, no período colonial, por mais de cem anos, já que as outras povoações continuavam como vilas. Além disso, Mariana, para ser sede episcopal, não poderia ser vila. Por isso, a então Vila Ribeirão do Carmo teve de ser transformada em cidade», conta Roque Camelo.Ele afirma que, ao propor que Mariana fosse sede do Dia de Minas, não desconhecia que outras localidades foram povoadas primeiro, como Matias Cardoso e várias outras. «Mariana foi escolhida por ser a primeira vila, cidade e capital, o que lhe dava primazia. Eram muitos povoados, mas nenhum tinha o caráter de permanência que Mariana teve», argumenta.Em 1979, Mariana foi reconhecida, por meio de lei ordinária, como a primeira capital de Minas Gerais e, depois, em 1989, pela Constituição Estadual. «Na época, surgiram vários movimentos separatistas no nosso território. Propus o Dia de Minas para resgatar o espírito mineiro», alega Roque Camelo

Acidente nas estradas de Minas deixa Oito pessoas morta


Silvana Miranda

Repórter



Até o início da noite, pelo menos oito pessoas morreram em acidentes nas rodovias mineiras e na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por causa de imprudência e estradas escorregadias em função do domingo chuvoso. Várias pessoas ficaram feridas. No quilômetro 336 da BR-116, em Campanário, Vale do Rio Doce, um acidente envolvendo dois caminhões e um microônibus, que seguia de Itapecerica da Serra (SP) rumo a Cândido Sales (BA) matou duas mulheres: Reilde de Oliveira Xavier, 44 anos, e Leidiane Santos, 24 anos.Outros 12 ocupantes dos veículos foram encaminhados para os hospitais Municipal e Santa Rosália, de Teófilo Otoni, e Tristão da Cunha, de Itambacuri. O trânsito no local ficou interrompido durante toda a manhã. Em outro acidente, o motorista, não identificado, de um Fiat Uno verde, placa HEJ-8042, de Betim, morreu carbonizado na madrugada quando seu carro bateu de frente contra uma Van, na BR-262, em Luz, Centro-Oeste, dirigida por Claudinei de Carvalho, que não se feriu. Na BR-381, quilômetro 410, em Roças Grandes, Sabará, o ciclista Sílvio Ferreira de Abreu, 53 anos, foi atropelado e morto pelo Gol AOU-5224, de São Paulo, conduzido por Eugênio de Menezes Lucas, no mesmo local onde sua mulher morreu atropelada há 10 anos. Os moradores interditaram a via em protesto, paralisando o tráfego nas duas direções. Na BR-040, altura do quilômetro 340, em Felixlândia, Região Central, o Fiat Palio, de Belo Horizonte, perdeu o controle e capotou, matando o motorista Sílvio Nascimento Gonçalves, 50 anos. O passageiro Carlos Alberto Santos, 48 anos, morreu ao dar entrada no Hospital de Felixlândia.Em Belo Horizonte, na Avenida do Contorno, 9.513, Barro Preto, Priscila de Melo Américo morreu quando seu carro foi atingido pelo tronco de uma árvore. Um capotamento de uma Saveiro vinho, placa GQL-5755, de Santa Luzia, na MG-20, quilômetro 30, matou Leandro Rodrigues Guimarães, 20 anos, que foi arremessado para fora do veículo.