quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Grávida é atropelada e morre, mas bebê de 7 meses sobrevive em BH

Um bebê de sete meses, ainda em fase de gestação, sobreviveu a um grave acidente que matou sua mãe, a dona de casa Marlene Mathias de Oliveira Santos, 34 anos. Ela foi atropelada por um ônibus da linha 5882, por volta das 18h30 da última segunda-feira, ao atravessar uma rua do Bairro Aeronautas, em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo testemunhas, o veículo passou sobre a barriga da mulher, e o bebê foi arremessado cerca de dois metros, ainda envolto na placenta. Para os bombeiros que participaram do resgate, foi um verdadeiro “milagre de Natal” encontrar a criança ainda com vida.
Marlene morreu na hora. O recém-nascido foi socorrido por uma unidade do Corpo de Bombeiros e levado para o Hospital de Pronto Socorro Odilon Behrens, onde ficou internado no CTI Neonatal. O menino nasceu com 1,78 quilo e cerca de 40 centímetros. Segundo a assessoria do hospital, até o fechamento desta edição, o estado da criança era grave, mas estável.
Depois de fazer uma bateria de exames, a equipe médica detectou, na criança, hemorragia intracraniana de grau médio (a escala de gravidade, nesse caso, vai de 1 a 4) e dilatação da bexiga, problema que foi contornado. Até o início da noite de ontem, o bebê respirava com a ajuda de aparelhos e recebia medicação para estabilizar a circulação sangüínea.
De acordo com a assessoria do hospital, até o final da tarde de ontem nenhum parente da criança esteve no local em busca de informações sobre seu estado de saúde. Marlene era casada e deixou três filhos.
Moradores do bairro onde ocorreu o acidente ficaram estarrecidos com a cena. A técnica de enfermagem Janaí Valéria da Silva, que reside próximo ao local do atropelamento, contou que estava nos fundos de sua casa, quando ouviu o barulho. “Quando cheguei na rua, já tinha uma multidão. Muitas pessoas gritavam pelo nome de Marlene. Outra moradora disse ter visto um homem que seria o marido da vítima. “Parece que era o marido dela. Ele estava desesperado e chorando muito”.
O corpo de Marlene foi levado para o Instituto Médico-Legal de Belo Horizonte, onde foi periciado e liberado no início da madrugada de ontem. De acordo com a Polícia Civil, um irmão da vítima esteve no local para fazer o reconhecimento do corpo, que depois foi levado para a cidade de Alvorada de Minas, a 180 quilômetros da capital, onde foi sepultado ontem.
Os três bombeiros que socorreram a criança falaram à imprensa na tarde de ontem. Os cabos Paulo Minório e Fernando Antunes e o soldado Eudes Martins, do 3º Batalhão, que já fizeram outros partos em viaturas, disseram que a emoção foi forte. “Foi um procedimento bem mais complicado, de alto risco”, disse Paulo Minório.
“Ele estava praticamente sem respiração. Depois de regularizar a função respiratória, com uso de oxigênio, o aquecemos com uma manta e aguardamos a chegada de uma unidade avançada, que o levou ao hospital”, contou Fernando Antunes.
“É difícil acreditar em milagres, até depararmos com um, principalmente às vésperas do Natal. Foi emocionante. Não há como descrever o que sentimos. O que vale é a realização do dever cumprido”, disse o soldado Eudes Martins.
A reportagem do HOJE EM DIA entrou em contato com a Atual de Transportes, responsável pela linha 5882, mas a empresa não se manifestou sobre o acidente