terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Alternativas para os avós nas férias

Independentes e com atividades físicas e culturais na maior parte do ano em universidades, centros de apoio e convivência, além de entidades como o Sesc, os idosos ficam sem opções de lazer em janeiro, quando esses locais entram em férias. Viajar seria uma alternativa, se não fosse alta temporada. Alminda Barbosa, de 67 anos, dá um sugestão. Ela irá aproveitar o tempo livre para ir ao cinema, participar da campanha de popularização do teatro, que começa dia 2 de janeiro, e descansar. Afinal, trabalhou o ano inteiro e agora quer aproveitar as férias. «Não viajo em janeiro porque é tudo muito difícil. As estradas estão cheias e eu ainda dirijo. Sem contar que os preços aumentam muito. Mas vou fazer uns passeios com meus netos. Aproveitar que a cidade fica mais calma e vazia», diz a aposentada, que é também promotora de produtos de beleza.
Porém, muitos idosos podem ficar sozinhos porque a família irá viajar. Nesses casos, a opção é seguir com os parentes como Josefina Gonçalves, de 72 anos, ou encontrar uma colônia de férias. Há 17 anos participando das atividades do Grupo Fim de Tarde, na Gameleira, ela admite que sentirá saudades dos amigos do local, mas aproveitará o tempo vago em um sítio, em Itabira. Josefina só não conseguirá dar continuidade às atividades físicas que se acostumou a executar. «É muito difícil fazer exercícios lá porque não terei acompanhamento. De todo jeito, a gente sente falta», disse a aposentada.
Se fosse ficar na capital, Josefina poderia até procurar uma das duas unidades do Sesc que desenvolverão atividades no mês de janeiro. Na Santa Quitéria, no Bairro Carlos Prates, Região Noroeste da capital, o programa de mini-férias começará dia 7 e irá até 18 de janeiro. As atividades acontecerão de 8 às 11 horas, simultaneamente ao programa Terceira Idade, que já atende a 800 idosos e não tem férias. A colônia terá cinemas, jogos eletrônicos, shows, além de atividades culturais e físicas. Para participar é necessário ter mais de 50 anos, apresentar um atestado médico e levar dois quilos de alimentos não perecíveis.
Já no Sesc Santa Luzia, o Projeto «Estação Férias, Terceira Idade em ação» começará dia 15 de janeiro e irá até o dia 18. A idéia é incentivar as pessoas com mais de 60 anos a participarem das atividades durante todo o ano, no grupo Alegria de Viver. Na programação constam dinâmicas, oficinas de artes, jogos, atividades recreativas e esportivas, relaxamento e até baile pré-carnavalesco. As inscrições podem ser feitas no local, Avenida Brasília, 3.505, no Bairro Cristina, de 7 a 15 de janeiro. Os centros de apoio e convivência reabrem no fim de janeiro. Já as atividades em todas as unidades do Sesc serão retomadas a partir do dia 15. Na UFMG, o grupo Terceira Idade recomeça apenas em março.

Na agenda de janeiro, viagem para a praia

Ao contrário de alguns idosos, Anália Eulália Ferreira, que completará nos 60 anos nos próximos dias, não abre mão das viagens nas férias. Depois de já ter feito pelo menos três excursões em 2007 com o grupo do Sesc, ela está novamente de malas prontas para passar o Réveillon na Praia de Jacaraípe (ES). Dessa vez, a viagem será feita por conta própria, com amigos que conseguiram um lugar na excursão da associação dos profissionais do vestuário. O acordo possibilitou que a viagem fosse feita mesmo no período de alta temporada, quando os preços de hospedagem são sempre mais caros. «Queríamos ir para Copacabana, no Rio de Janeiro, mas como já conhecemos, escolhemos outro lugar. Sempre tem um jeito para viajar. No nosso caso, reservamos ainda em outubro», contou a aposentada.
Apesar de o número de viagens feitas por idosos ser bem menor em janeiro, agências de turismo confirmam que o movimento não acaba. No Estado, o destino mais procurado é Caldas Novas, no Sul de Minas. Para esse local, geralmente são feitos pacotes terrestres, que giram em torno de R$ 600, um terço do valor do pacote aéreo em alta temporada.
Além disso é bom lembrar que o Estatuto do Idoso facilita um pouco as viagens. A lei determina que, em viagens interestaduais, duas vagas nos ônibus convencionais sejam reservadas para pessoas com mais de 60 anos e que tenham renda comprovada de até dois salários mínimos. Caso essas vagas já estejam ocupadas, outros idosos podem viajar com 50% de desconto. Segundo a Coordenadoria dos Idosos de Belo Horizonte, apesar das concessionárias terem entrado na justiça contra a lei, ela vem sendo respeitada na capital.
Anália não sabe se utilizará desse recurso. Mas, depois de visitar o Espírito Santo, o destino dela será o Distrito Federal, quando irá comemorar o aniversário com amigos. E, após tanto movimento, vem o merecido descanso, no sítio da família. Afinal, já em fevereiro as excursões do Sesc recomeçarão. O conselho dela para jovens idosos é nunca parar.