Silvana Miranda
Repórter
Belo Horizonte terá uma unidade móvel de castração de cães e gatos. O veículo, com capacidade para atender dois animais simultaneamente e realizar 40 cirurgias por dia, foi apresentado ontem pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), durante a abertura da Campanha de Vacinação Anti-Rábica, no Centro de Saúde Jardim Europa, em Venda Nova. A proposta é alcançar locais de difícil acesso aos centros cirúrgicos, como vilas e favelas, além de ser usado para promover mutirões de castração por toda a cidade, conforme informou a gerente do Centro de Controle Zoonoses, Maria do Carmo Araújo. O serviço, que numa clínica veterinária custa em média R$ 200, será oferecido de graça pela SMSA. «Este é um instrumento eficaz no controle da população canina e felina, ajudando a prevenir as crias indesejadas, o abandono e a morte prematura de animais», argumentou. Ainda será feito um cronograma para as cirurgias, mas, inicialmente, elas serão feitas na Regional Noroeste.Ontem, um dos primeiros animais a serem imunizados contra raiva foi Foguinho, um cão da raça pinscher, de dois anos, que, mesmo no colo da proprietária, deu muito trabalho. «No ano passado foi pior, ele estava muito agitado, mas a vacina é necessária para evitar uma doença mais grave», disse a técnica de raio-X, Hosana Patrícia de Oliveira, 32 anos.O objetivo da campanha é atingir 80% da população animal. A estimativa é a de que os 315 mil cães domiciliados em Belo Horizonte sejam vacinados. O último caso de raiva canina foi registrado em 1989, já o de raiva humana, em 1984. Os cães não atendidos no dia da campanha podem ser vacinados durante todo o ano, gratuitamente, no Centro de Controle de Zoonoses, que fica na Rua Edna Quintel, 173, São Bernardo, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. A campanha contou com apresentação teatral dos alunos da Escola Municipal Professor Adalto Lúcio e espetáculo de cães adestrados do Corpo de Bombeiros. O balanço da imunização dos animais está previsto para ser divulgado amanhã pela Secretaria Municipal de Saúde.
Mutirão recolhe 1.200 quilos de lixo da Pampulha
As mãos ainda pequenas, porém ágeis, reúnem o lixo e depois separam de acordo com as regras da coleta seletiva. Em menos de duas horas de trabalho, cerca de 600 voluntários e estudantes de 19 escolas de Belo Horizonte recolheram quase 1.200 quilos de lixo em diversos pontos da orla e da Lagoa da Pampulha, sendo 407,5 quilos de material seco e 700 quilos de produtos molhados. O mutirão foi realizado na manhã de ontem e integra o projeto «Pampulha Limpa», que comemora o «Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias», coordenado pela ONG The Ocean Conservancy, e já garantiu, desde 2003 até o ano passado, a retirada de 5,5 toneladas de lixo na capital. Esta é a primeira vez que o estudante Pedro Henrique Mozany, 13 anos, participa do projeto de limpeza da lagoa. Ele ficou surpreso com a quantidade de lixo jogado por moradores, visitantes ou carregado pela chuva e córregos que deságuam na lagoa. Plástico, vidros quebrados e material de construção estavam entre os materiais encontrados em maior volumes. «Não entendo porque as pessoas fazem isso com a lagoa. Ela é tão bonita e nos faz tão bem», disse.Em outro ponto da orla, um grupo de 16 alunos da Escola Municipal Coronel Joaquim Antônio da Rocha, de Contagem, recolhiam desde tampa de vaso sanitário a pedaços de bonecas. Para a professora Cecília Ribas, a ação voluntária é uma verdadeira aula de cidadania até para alguns estudantes que nem conheciam a Lagoa da Pampulha. «O mais importante não é a quantidade de lixo que se recolhe, mas a lição repassada para as crianças», avalia.A estudante Andrezza Zilli, 12 anos, concorda e se disse surpresa com a poluição. «A gente precisa cuidar porque senão os animais vão morrer e a água vai secar». O que mais impressionou a estudante Jéssica Cristina Ferreira, 11 anos, foi ter encontrado peixes mortos. «Isso é um sinal de que a água está bastante poluída». Segundo o biólogo Leonardo Vianna, a mortandade de peixes é reflexo da falta de oxigenação da água, causado pelo excesso de material orgânico e lixo na Lagoa.Para o biólogo, a esperança é que campanhas como «Pampulha Limpa» mobilizem cada vez mais voluntários e conscientizem a população sobre a importância de sair em defesa da lagoa. «Quem sabe as crianças não saiam conscientes de que cada um tem papel importante na preservação e incentivem os adultos a agirem antes que seja tarde», disse. Em 2007, 18 escolas participaram da atividade, quando foram coletados 920 quilos e cerca de 14 mil itens. Pelo menos 70% do material recolhido eram plástico.