segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Bombeiros controlam incêndio em reintegração de posse em SP; famílias são removidas






Reporter: Richard Amorim{Jornal Estadão de São Paulo}
Edição: Richard Amorim


Policiais militares ainda acompanham, na tarde desta segunda-feira, uma reintegração de posse no Capão Redondo, zona sul de São Paulo. No começo da manhã, moradores resistiram e atearam fogo em barracos e em um veículo. Os focos de incêndio já foram controlados.

O terreno pertence à Viação Campo Limpo e estava ocupado desde 26 de agosto de 2007, segundo Felícia Mendes Dias, 51, coordenadora do Fórum de Moradia e Meio Ambiente de São Paulo. Ela afirma que o local estava vazio havia cinco anos e que os sem-teto não encontravam o proprietário para uma possível negociação.

Veja fotos do confronto

De acordo com Dias, a saída deveria ocorrer pacificamente, mas a polícia agiu com truculência. Já a Polícia Militar informou que foi obrigada a usar bombas de efeito moral e balas de borracha para conter os moradores, que reagiram à operação.

Uma pessoa ficou ferida, atingida por bala de borracha. Outros dois moradores foram detidos por lançar rojões contra os PMs, informou o coronel Augusto Botelho, comandante da operação.

Tratores estão no local para destruir as construções. Com a retirada das famílias, muitos móveis permanecem nas ruas e caminhões de mudança circulam na região.

Moradores resistem à reintegração de posse e queimam barracos e veículo no Capão Redondo, zona sul de SP


A PM informou que o proprietário do terreno ofereceu mudança para os moradores, mas que muitos rejeitaram e optaram por providenciar o transporte. Alguns, no entanto, reclamam que não têm como retirar os pertences do local.

Segundo avaliação da polícia, cerca de 800 famílias --ou 2.000 pessoas-- viviam no local. No total, cerca de 250 PMs do 37º Batalhão, da tropa de choque, da Força Tática e da Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas) estão no local, além do helicóptero Águia, da PM. A expectativa é que a reintegração seja concluída ainda nesta segunda. Tratores estão no local para destruir as construções.

Em nota, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) informou que as famílias pretendem realizar uma ocupação em praça pública após a reintegração. O grupo reivindica atendimento emergencial pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

Assalto e atropelamento

Dois repórteres fotográficos foram assaltados na comunidade no início da manhã, antes da confusão entre moradores e PMs. Segundo relatos passados à polícia, eles foram rendidos por cinco homens armados e tiveram os equipamentos e dinheiro roubados.

Por volta das 11h, um policial militar que acompanhava os trabalhos foi atropelado por uma moto nas imediações do terreno. Com uma fratura no braço, ele foi levado ao hospital da corporação.