quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Acidente mata 15 bóias frias,após caminhão perder o freio
Um grave acidente deixou ontem 15 trabalhadores rurais mortos e pelo menos 19 feridos. Onze morreram no local e quatro, no Hospital Regional de Santo Antônio do Amparo, depois que um caminhão que os transportava da Fazenda Campo Alegre para a sede do município perdeu o freio na MG-332, próximo ao trevo da cidade, atingiu a contramão na BR-381, batendo na mureta da rodovia e arremessando para fora os 33 ocupantes. Segundo um policial rodoviário, o caminhão estava em alta velocidade.O acidente aconteceu no Km 651 da 381, em Bom Sucesso, Região Centro-Oeste do Estado, por volta das 16h40. Os ocupantes do caminhão trabalhavam na colheita de café da região e são, em sua maioria, de Santo Antônio do Amparo. No ano passado, no mesmo local, acidentes causaram a morte de 16 pessoas, deixando 26 feridos graves e um total de 60 atendimentos com internação.De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o caminhão teria perdido os freios numa descida e, ao tentar entrar no trevo, se chocou contra a mureta central da pista. O local do acidente é um trevo elevado. De acordo com informações da PRF, o caminhão de placa GLP-0550, de Santo Antônio do Amparo, não contava com cadeiras ou cintos de segurança para os passageiros, mas apenas com um toldo de lona, que servia para proteger os bóias-frias do sol, armado sobre uma estrutura de metal.No site do Detran na Internet consta que o veículo, um Chrysler Dodge 1975 D-700, não tem multas e está com o licenciamento de 2008 em dia. No entanto, o tacógrafo (que registra a velocidade) do veículo estaria com problema.A maior parte dos feridos foi levada para o hospital Regional de Bom Jesus do Amparo. Com o acidente, a pista ficou fechada nos dois sentidos por cerca de 40 minutos. Além das cinco viaturas da PRF, foram encaminhados ao local três ambulâncias de resgate do Corpo de Bombeiros. Os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal de Lavras. Os feridos mais graves foram encaminhados ao Hospital de Lavras e outros para o Hospital de Pronto-Socorro João XVIII, em Belo Horizonte.O secretário de Saúde de Santo Antônio do Amparo, Marcelo Carrara, disse que dez médicos participaram do atendimento às vítimas. Médicos e ambulâncias de municípios da região foram deslocados para a cidade. «Foi um abalo total na cidade inteira», descreveu Paulo Rufino, 38 anos, primo de Mauro Lúcio Marcelino, 38 anos, morto no acidente. Ele contou que o primo trabalhava em condições irregulares, sem carteira assinada, e que o caminhão que fazia o transporte também não era legalizado.Na porta do hospital de Santo Antônio centenas de pessoas buscavam informações das vítimas. O clima era de comoção. Foi proibida a entrada até de parentes, para não prejudicar o atendimento aos feridos. Adriana da Silva Ferreira, 33 anos, ajudou no resgate das vítimas e disse que os 11 trabalhadores que morreram no local estavam todos debaixo da tenda do caminhão. «Foi, de todos os resgates de que participei, o mais terrível de todos. Eu tinha a sensação de que poderia encontrar algum parente entre os envolvidos no acidente», afirmou.Entre os mortos está o motorista do caminhão, Salvador Aparecido Machado, 49 anos. Até o fechamento desta edição, foram identificados ainda os corpos de: Ana Paula Marcelino, Antônio Braga, Azarias Colodino Diniz, Carlos Marcelino, Juarez Marcelino, Maria Lúcia da Silva, Mauro Lúcio Marcelino, Nair e Osama Maria Gonçalves.Os feridos Antônia Avelina de Almeida, Antônio Nazaré da Silva, Juliano Souza Nascimento, Maria do Carmo Marques Marcelino e Marcos Marcelino foram encaminhados em estado grave para o Hospital João XXIII.(Com Augusto Franco e Celso Martins)