Márcia Amaral, 38 anos, que diz ser designer de bolsas e sapatos e se auto-intitula «Musa da Praça» por ter sido apanhada várias vezes tomando banhos de sol usando biquinis em plena Praça Raul Soares, no Barro Preto, Centro Sul de Belo Horizonte, foi detida ontem e levada a audiência no Juizado de Pequenas Causas sob a acusação de ter agredido verbalmente um guarda-municipal. A mulher estava aproveitando o sol da manhã de ontem quando, às 11h30, discutiu com guardas municipais porque ela teria tentado entrar na sala de máquinas da fonte luminosa da praça.A discussão e a detenção de Mária Amaral deu até polícia. Após ser dominada e algemada por guardas municipais, a mulher foi levada para a Delegacia Adida da Justiça de Pequenas Causas, onde foi ouvida em cartório. Ao ser levada pela polícia ela trajava calça comprida e blusa, por cima de um biquini azul e um bustiê xadrez. Ela alegou que teria sido agredida pelos guardas municipais afirmando que teriam rasgado sua calça que teimava em cair e deixar à vista, sem que ela se importasse com isso, uma tatuagem na região lombar.«Eu não fiz nada de ilegal, não pisei na grama e nem estava núa», afirmou Mária Amaral aos repórteres, na Delegacia Adida. «Eu tentei colocar uma almofada que carrego perto da casa de máquinas porque ia até o mercado para comprar frutas, quando fui barrada pelos guardas que me trataram mal. Eles me jogaram ao chão e me algemaram e essa história que eu ofendi os guardas não aconteceu. Eu não sou de ofender pessoas». Perguntada sobre os motivos pelos quais se dirige até a Praça Raul Soares para tomar banho de sol, quando, segundo ela, pode usar uma piscina da casa da mãe, ela contou que «estranha porque as pessoas ficam espantadas quando é comum mulheres e homens tomarem banho de sol em Brasília e outras cidades». «O povo já está gostando de mim, na praça, e até me chamam de musa. Não acho que tenha alguma coisa de ofensivo nisto. Não faço nada indecente e não quero, como dizem, chamar a atenção de ninguém».O guarda municipal Ronaldo Prata contou uma história diferente. Ele disse que a mulher estava na praça, de biquini, e ninguém disse ou fez nada contra ela. Mas, a partir do momento em que ela teria tentado entrar na área da sala de máquinas da fonte luminosa ele e outros guardas tentaram convencê-la a não avançar porque aqui era um lugar restrito, que tinha equipamentos, onde ninguém poderia entrar. Nesse momento, segundo Ronaldo Prata, Márcia Amaral ficou nervosa e começou a discutir com os guardas, enquanto eles tentavam acalmá-la.«Mas ela não concordou e começou a xingar todo mundo», disse o guarda Ronaldo Prata. «Ela estava muito nervosa e começou a me ofender, me chamando de urubue nego burro. Mesmo assim nós ficamos calmos mas fomos obrigados a dominá-la e algemá-la porque ela ficou muito agressiva».A mulher chamou a polícia e uma guarnição da Polícia Militar, comandada pelo cabo Adilson Domingues chegou ao local para conduzi-la para a Delegacia Adida. Ali a designer se mostrava descontraída, falante, alegando que estava sendo vítima de injustiça. Aproximou-se do repórter e acrescentou: «vou te contar porque gosto de tomar banho de sol na praça. É porque eu fico perto de um alto falante, ouvindo música clássica. Adoro quando toca o «Bolero de Ravel».Depois da Delegacia Adida a «Musa da Praça» foi levada para uma audiência de conciliação no Juizado Especial Criminal, onde, depois de apreciar o caso, o juiz Cristiano Oliveira Cesarino decidiu aplicar a sentença: Márcia Amaral vai cumprir três meses de trabalhos comunitários em uma entidade de assistência social.
Isso que dar fazer de tudo para ficar famoso nao é mesmo:?