segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Anvisa vai criar normas mais rígidas para propaganda de remédio
Depois de três anos de discussão, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deverá concluir até outubro uma resolução que amplia as restrições da propaganda de medicamentos no país. Pela proposta em estudo, os atores principais de cada peça publicitária terão que alertar aos consumidores sobre os riscos inerentes ao remédio anunciado, mesmo aqueles vendidos sem receita médica.Hoje, a advertência é feita, em geral, por locutores anônimos. Os avisos deverão ainda seguir dois modelos pré-estabelecidos, de acordo com o perigo das substâncias de cada remédio. «O medicamento não é um produto qualquer. O consumo de um medicamento sempre implica risco. Então, é importante que isso fique bem claro para a população», afirma Maria José Delgado, gerente de Propaganda e Marketing da Anvisa.O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, considera prejudicial a publicidade de medicamentos por celebridades. No início dos estudos, técnicos do Ministério da Saúde e da Anvisa queriam proibir que pessoas famosas, como atores e jogadores de futebol, fizessem propaganda de remédio. Eles alegaram que celebridades poderiam incentivar o consumo desenfreado de remédios.Os próprios técnicos reconheceram, porém, as dificuldades legais de se proibir a participação de determinadas categorias sociais em anúncios publicitários. Pelo texto da resolução que está sendo preparada por uma comissão da Anvisa, os atores principais dos anúncios, famosos ou anônimos, terão que chamar a atenção do consumidor para os riscos específicos de determinados medicamentos.Por exemplo: se for anunciar um remédio à base de cânfora, o ator terá que dizer que o produto não pode ser utilizado por crianças com menos de 2 anos. A cânfora pode causar transtornos à saúde de bebês, embora seja usada sem maiores problemas por adultos. A mensagem não deve deixar dúvida sobre a substância presente no remédio e o risco que representa.